Reforma Tributária: o que muda, desafios e como preparar sua empresa

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Escrito por Equipe TOTVS
Última atualização em 27 maio, 2025

As novidades da Reforma Tributária levantam incertezas e dúvidas em diversos negócios. Desde a nova estrutura de arrecadação por meio do IVA dual (CBS/IBS) até a necessidade de adaptação das operações da empresa frente a um novo cenário fiscal.

No entanto, mais do que uma alteração no sistema tributário nacional, a nova reforma representa uma resposta aos desafios fiscais historicamente presentes no Brasil: complexidade, morosidade burocrática e ineficiência.

Neste artigo, exploramos as principais mudanças da Reforma Tributária, os setores impactados, os desafios apresentados e quais estratégias podem ser implementadas na transição e adaptação à nova sistemática tributária.

Continue no artigo e tenha uma ótima leitura!

Qual a importância da Reforma Tributária?

Aprovada via Emenda Constitucional 132/2023, a nova Reforma Tributária brasileira foi instituída com o objetivo de modernizar o sistema de cobrança e recolhimento fiscal, concedendo maior dinamicidade aos processos tributários.

Esta iniciativa, contudo, não se deu de maneira desconectada com a realidade nacional. Consenso entre especialistas, a anterior arquitetura fiscal brasileira mantinha-se em ociosidade, “intensificando a desigualdade social e econômica”.

Desse modo, a proposta de modernização e reelaboração do sistema tributário nacional desenvolveu-se em paralelo à necessidade de adotar medidas especiais em determinados setores; beneficiando produtos ou evitando-se o seu consumo.

Por exemplo, a isenção de alíquotas da CBS e IBS para produtos integrantes da cesta básica e, em complemento, a aplicação de imposto extrafiscal aos bens nocivos à saúde ou meio ambiente, com intuito de desestimular o seu consumo.

Neste sentido, a Reforma Tributária visa o desenvolvimento nacional, mirando aspectos arrecadatórios e de estrutura orçamentária-fiscal do Estado, assim como de maior equilíbrio e diminuição de desigualdades sociais históricas.

Por certo, o conjunto de alterações estruturais demanda adaptação e novos direcionamentos. Por estes aspectos, o processo de transição até a efetiva vigência das regras tributárias segue um calendário com etapas e fases.

No atual momento, leis complementares são debatidas no Congresso Nacional, de modo a normatizar as operações tributárias em setores como saúde e moradia.  

Mas, quais foram as principais mudanças da Reforma Tributária e qual o seu impacto para os setores econômicos e para as famílias brasileiras? A seguir, detalhamos 12 alterações, abarcando tanto as atividades produtivas, quanto as de serviço.

Quais são as principais mudanças da Reforma Tributária?

Confira a seguir as principais mudanças e o impacto da Reforma Tributária nas empresas e núcleos familiares.

Alíquotas especiais para alimentos

Uma das novidades da Reforma Tributária diz respeito ao tratamento especial aos alimentos e ao setor agrícola, contando com alíquotas reduzidas ou zeradas, no caso daqueles que integram a cesta básica.

Neste cenário, a redução de alíquota em 40% se aplica às categorias:

  • Alimentos destinados ao consumo humano
  • Insumos agropecuários e aquícolas
  • Produtos agropecuários, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura

Além disso, aos produtores rurais com faturamento anual inferior a R$3,6 milhões, será outorgada a escolha de adesão à condição de contribuintes da CBS e IBS.

Criação do Imposto Seletivo

Tendo em vista os danos e impactos negativos à saúde ou ao meio ambiente, causados por determinados produtos, o governo federal criou o IS (Imposto Seletivo), também conhecido como imposto do pecado, de caráter extrafiscal e não arrecadatório.

Exemplos de produtos que, com o IS, têm seu consumo desestimulado:

  • Produtos fumígenos: tabaco não-manufaturado, charutos, cigarrilhas, cigarros, etc.;
  • Bebidas alcoólicas: cerveja de malte, vinhos, vermutes, sidras, rum, vodka, etc.;
  • Bebidas açucaradas: adicionadas de açúcar ou de outros edulcorantes, ou aromatizantes;
  • Aquisição de embarcações e aeronaves: helicópteros, aviões e outros.

Implementação do Cashback

Outra novidade é a instituição do mecanismo de cashback, que será implementado para devolver parte dos tributos pagos por famílias de baixa renda, especialmente em compras de bens essenciais como gás de cozinha, energia e água.

Um dos objetivos do governo federal é reduzir a desigualdade social e aumentar o poder de compra das populações mais vulneráveis.

Profissionais liberais

A reforma propõe, também, a redução de 30% na alíquota da CBS e IBS para classes de profissionais liberais, acerca da prestação de serviços.

A lista contempla 18 categorias profissionais, que possuem regulamentação profissional e possuem atuação de natureza intelectual, científica, literária ou artística. Por exemplo, arquitetos e urbanistas, bibliotecários, ou engenheiros e advogados.

Vale ressaltar, no entanto, que não haverá alíquota fixa de 26,5% sobre o faturamento, como especulado anteriormente.

Trava para aumento de alíquota

A reforma estabelece uma trava para evitar aumentos abusivos na carga tributária. As alíquotas do IBS e da CBS serão calibradas pelo legislador, de modo a manter os níveis de arrecadação atual, sem aumentar a carga tributária total.

Nanoempreendedor

Foi criada uma categoria especial para nanoempreendedores: pessoas físicas com faturamento anual inferior a R$ 40.500,00.

Estes trabalhadores informais serão isentos de impostos, uma vez que são classificados como não-contribuintes. Portanto, facilitando a formalização e o crescimento de pequenos negócios. A lista contempla:

  • Vendedores;
  • Ambulantes;
  • Jardineiros;
  • Cozinheiros;
  • Entre outros.

Redução de alíquota para medicamentos

De modo semelhante aos alimentos e sua produção, os medicamentos e outras categorias da Saúde contam com redução de alíquota estipulada em 40% referente à padrão. Em alguns casos, avaliados em especial, medicamentos poderão ter alíquota zero.

Assim, a reforma contempla:

  • Serviços de saúde;
  • Dispositivos médicos e de acessibilidade para pessoas com deficiência;
  • Medicamentos;
  • Produtos de cuidados básicos à saúde menstrual
  • Produtos de higiene pessoal.

Regime específico para Planos de Saúde

Planos de saúde terão um regime específico de tributação, com previsão de redução de 60% dos tributos incidentes, considerando-se as regras de creditamento e base de cálculo, como estipulado no Projeto de Lei Complementar 68/2024.

Imóveis

Considerando as especificidades do mercado imobiliário, como a sua heterogeneidade (venda, aluguel, incorporações, etc.), estipula-se a apuração em regime específico. Permitindo, assim, ajustes nas alíquotas e creditamento, à semelhança do setor de saúde.

Bares, hotéis, restaurantes e parques

Esses estabelecimentos poderão ter regras diferenciadas para o IBS e a CBS, com possibilidade de alterações nas alíquotas e creditamentos.

Refinarias

Por fim, uma das novidades da Reforma Tributária abarca a possibilidade de cobrança monofásica em valor fixo, tendo-se em vista cada produto e sua unidade de medida (litro). O tratamento especial se dá pela necessidade de diminuir ou mitigar práticas de sonegação fiscal e simplificar a apuração, sem criar cumulatividade.

Impactos da Reforma Tributária nas empresas

Os impactos da Reforma Tributária serão percebidos de maneira variada pelas empresas, dependendo do setor econômico em que atuam. Em geral, a simplificação e a não cumulatividade devem reduzir custos burocráticos, além de desonerar investimentos.

No entanto, a transição exigirá adaptações tecnológicas e contábeis, como a atualização de sistemas para o split payment (pagamento segregado) e a adequação aos novos prazos e regras.

Por um lado, setores com regimes favorecidos, como saúde e educação, podem se beneficiar. Por outro, atividades relacionadas à produção de tabaco e bebidas alcoólicas enfrentarão cenários fiscais mais acirrados e desestimulantes.

Como a tecnologia pode ser aliada na adesão da reforma

Como vimos, a implementação da Reforma Tributária exige adaptações tecnológicas e operacionais significativas por parte das empresas.

Desse modo, a implementação de sistemas eletrônicos de processamento financeiro e soluções integradas de gestão torna-se essencial para garantir conformidade com as novas regras.

Por exemplo, no cálculo automático das alíquotas da CBS e IBS, assim como na possibilidade de validação de operações em tempo real; ou tecnologias como blockchain, que ampliam a segurança e transparência, mitigando riscos de inconsistências.

Reforma Tributária na TOTVS

A TOTVS, líder de mercado e a maior empresa de tecnologia do Brasil, desenvolveu um guia completo e exclusivo sobre a Reforma Tributária, de modo a instruí-lo nessa transição importante.

O guia conta com análises detalhadas, mas sucintas, realizadas por especialistas e tem por objetivo descomplicar as mudanças e preparar a sua empresa para o novo cenário tributário nacional.

Assim, contemplando aspectos como o sistema de tributação sobre consumo (IVA dual), o cronograma de implementação da Reforma Tributária e seus impactos e adaptações necessárias.

Para saber mais, acesse o Guia da Reforma Tributária e navegue por cada uma das análises!

Conclusão

Neste artigo, você aprendeu sobre as principais mudanças, desafios e como preparar a sua empresa para as alterações propostas pela nova Reforma Tributária.

Como vimos, ao unificar tributos, simplificar processos e introduzir mecanismos como o cashback e o Imposto Seletivo, a reforma busca equilibrar arrecadação e desenvolvimento, beneficiando desde pequenos produtores rurais até grandes indústrias.

No entanto, os desafios são igualmente múltiplos e abrangentes. Por isso, a implementação de soluções tecnológicas desempenha um papel crucial na transição ao novo modelo de cobrança e recolhimento fiscal no Brasil.

Portanto, para as empresas, é necessário antecipar-se às mudanças, aproveitando soluções e recursos disponíveis, assim como buscando orientação especializada para conduzir com segurança a adaptação ao novo cenário tributário.Gostou do artigo? Aproveite e saiba também sobre o IRRF 2025, como calcular e qual a tabela.

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