O terraceamento é uma prática milenar, que surgiu em civilizações antigas, como os incas, e que ainda hoje é utilizada em diversas regiões do mundo, como no sul da Ásia e também no Brasil.
Apesar do seu alto custo, muitos agricultores entendem que é preciso investir na técnica devido aos seus benefícios para a plantação e para o solo.
Mas em que consiste essa solução que contribui para resolver um dos principais problemas das terras agrícolas brasileiras?
Neste artigo, vamos explicar o que é o terraceamento, vantagens e desvantagens, tipos, funcionamento e muitos mais.
Acompanhe!
O que é terraceamento?
O terraceamento agrícola é uma técnica aplicada especialmente em terrenos montanhosos para aumentar a área de produção e prevenir a erosão do solo causada pela água.
Essa prática, que consiste em criar terraços ou degraus no terreno, reduz a velocidade e pressão da água da chuva, o que permite sua acumulação e evita o empobrecimento do solo.
Além de tornar produtivas as áreas com declive, a técnica também melhora a lucratividade e diversificação de culturas, e otimiza a qualidade e produtividade agrícola a longo prazo.
Entendeu o que é o processo de terraceamento? As vantagens e desvantagens serão abordadas adiante, mas vamos ver inicialmente como a técnica surgiu.
Quando surgiu essa técnica?
A técnica de terraceamento é antiga e remonta há pelo menos 3 mil anos. Acredita-se que ela tenha sido desenvolvida por civilizações pré-colombianas, como os incas, que habitavam as regiões montanhosas dos Andes.
Esses povos construíram complexos sistemas de terraços para cultivar alimentos em áreas de difícil acesso e de alta altitude.
Os terraços incas eram verdadeiras obras de engenharia, que aproveitavam a água das geleiras e dos rios para irrigar as plantações.
Além disso, eles utilizavam técnicas de adubação orgânica e de rotação de culturas para manter a fertilidade do solo. Algumas dessas estruturas ainda podem ser vistas hoje em dia, como as famosas ruínas de Machu Picchu.
Outras civilizações antigas também utilizaram a agricultura de terraceamento em suas atividades, em especial no sul da Ásia, onde é usada até hoje.
Como o terraceamento funciona?
A técnica tem como objetivo controlar o fluxo de água que escorre pela superfície do solo, de modo a evitar que ele cause danos ao terreno e às culturas. E como funciona o terraceamento na prática?
Ele consiste em dividir o terreno em rampas inclinadas para que a velocidade da água seja reduzida, bem como os seus impactos.
Cada rampa é chamada de terraço, e apresenta uma estrutura composta por um dique e um canal.
O dique é uma elevação do solo que serve para reter a água e impedir que ela transborde para o terraço inferior. O canal é uma depressão do solo que serve para conduzir a água excedente para uma área de drenagem ou de aproveitamento.
O terraceamento pode ser feito em diferentes tipos de solo e de relevo, desde que haja uma inclinação mínima de 1%.
A distância entre os terraços depende de fatores como a declividade, a textura, a permeabilidade e a profundidade do solo, além das características da chuva e do manejo agrícola.
Dica: é importante que os terraços estejam associados a outras técnicas de proteção contra erosões e de manutenção da fertilidade, como a rotação de culturas, a utilização de palhas para cobrir e proteger o solo, entre outros procedimentos.
Agora que você já sabe como funciona o terraceamento, vamos conhecer os tipos!
Quais são os tipos de terraceamento?
O terraceamento pode ser classificado de acordo com a sua função ou de acordo com a sua construção. Veja a seguir os principais tipos de terraceamento:
Considerando a função
De acordo com sua função, a técnica pode ser classificada em:
- Terraço em nível (também chamado de terraço de retenção ou de infiltração);
- Terraço em gradiente (também conhecido como terraço em desnível, de escoamento ou de drenagem);
- Terraço misto.
Terraço em nível
São terraços construídos para interceptar a enxurrada, de forma que a água fique retida no terraço até que se infiltre no solo.
Por isso, é um dos tipos de terraceamento indicado para solos de boa permeabilidade, como os latossolos, nitossolos, solos arenosos e outros.
Terraço em gradiente
Os terraços em gradiente ou de drenagem permitem que a água escoe pelo canal até uma área de drenagem ou de aproveitamento (na própria lavoura, na maioria dos casos).
Para tanto, são projetados com um leve desnível ou gradiente transversal em relação à maior inclinação da encosta.
Isso permite acumular o excesso de água e facilita seu escoamento gradual para fora da área protegida, por meio de uma ou duas extremidades abertas, conduzindo até canais drenantes com vegetação.
Assim, são recomendados para solos com baixa permeabilidade cuja infiltração de água da chuva é mais difícil, como cambissolos, argissolos, e outros.
Terraço misto
Mistura os dois tipos de terraceamento anteriores: projetado para acumular água e permitir sua infiltração, mas com uma inclinação adequada para drenagem eficaz.
Na prática, assim que o volume de acumulação do escoamento superficial é preenchido, ele passa a funcionar como terraço em gradiente.
Considerando a construção
A classificação da técnica de terraceamento também pode se dar considerando a construção, que pode ser tipo Nichols ou topo Manghum.
Tipo Nichols
Na construção deste tipo de terraço, utiliza-se um arado (evitando a grade aradora) para cortar o solo e movê-lo de cima para baixo. O solo que forma o camalhão é retirado da faixa logo acima, criando assim o canal.
Este método é adequado para rampas com inclinação de até 15% e, em casos excepcionais, até 18%, especialmente se o solo tiver uma boa cobertura de palha.
Tipo Manghum
Nesta abordagem, uma faixa mais larga de solo é movimentada em comparação com o terraço tipo Nichols.
O solo é deslocado tanto da faixa acima quanto da faixa abaixo do camalhão, alternando a direção da aração com idas e vindas do trator.
Estes terraços, que podem ser construídos com maquinário específico, são ideais para terrenos com declives mais suaves.
Eles variam em dimensão e volume de solo movimentado, podendo ter bases estreitas, médias ou largas.
Os terraços de base larga são recomendados para declives mais leves, que requerem menos “degraus” para prevenir a erosão.
Já os terraços de base estreita são adequados para terrenos mais íngremes que necessitam de mais degraus para controlar o escoamento da água e prevenir a erosão do solo. Com bases mais estreitas, busca-se reduzir a pressão da água.
Um panorama sobre o terraceamento no Brasil
Nas décadas de 70 e 80, o Brasil utilizou muito o cultivo em terraços como uma técnica de conservação do solo.
Porém, com a introdução do plantio direto, que diminui as perdas de solo, houve um desinteresse pelo uso de outras práticas conservacionistas, como o cultivo em contorno. Assim, muitos terraços que já existiam foram suavizados ou até eliminados.
Atualmente, o terraceamento no Brasil é bastante utilizado em regiões de relevo acidentado e de alta pluviosidade, como o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste.
A prática é aplicada principalmente em culturas anuais, como o milho, a soja, o trigo, o feijão e o arroz, mas também pode ser usada em culturas perenes, como o café, a cana-de-açúcar, a laranja e a banana.
Ela contribui para aumentar a produtividade dessas culturas, pois melhora as condições físicas, químicas e biológicas do solo, além de reduzir as perdas de nutrientes e de água. No entanto, também apresenta alguns desafios e limitações.
Vamos conhecer melhor a técnica de terraceamento, vantagens e desvantagens?
Conheça as vantagens e desvantagens do terraceamento agrícola
O terraceamento agrícola é uma técnica que oferece diversas vantagens para a agricultura, como:
- Reduz a erosão do solo, preservando a sua estrutura e a sua fertilidade;
- Melhora as condições de aeração, de temperatura e de atividade biológica do solo;
- Diminui o escoamento superficial, o que evita o assoreamento de rios e reservatórios;
- Contribui para a conservação da biodiversidade, pois evita a perda de habitats e de espécies nativas;
- Retém a água da chuva, aumentando a disponibilidade hídrica para as plantas e para os lençóis freáticos;
- Aumenta a produtividade e a qualidade das culturas, pois proporciona um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das plantas.
No entanto, há algumas desvantagens na adoção da técnica, como:
- Reduz a área útil para o plantio, pois ocupa uma parte do terreno com os diques e os canais;
- Limita a mobilidade e o acesso nas áreas de declive, pois cria obstáculos e desníveis no terreno;
- Pode causar problemas de drenagem, de compactação e de salinização do solo, se não for bem planejado e executado;
- Dificulta o manejo agrícola, pois requer uma adaptação do maquinário, dos implementos e das operações realizadas no campo;
- Exige um alto investimento inicial para a construção e a instalação dos terraços, além de um custo contínuo para a sua manutenção e conservação.
Qual a diferença entre terraceamento e curvas de nível?
Terraceamento e curvas de nível são técnicas que visam à proteção do solo contra a erosão, mas que apresentam uma diferença crucial entre si.
O cultivo em terraços pressupõe a criação de degraus no terreno. É, portanto, artificial.
Já as curvas de nível são “naturais”, pois utilizam o formato já acidentado do solo e seguem suas linhas de contorno. A plantação é realizada diretamente no solo, pois não é preciso fazer um nivelamento artificial.
Se os declives naturais do terreno não sofrem com a erosão provocada pela água, as curvas podem ser utilizadas.
Conheça os sistemas agrícolas de terraceamento
A técnica pode ser combinada com diferentes sistemas agrícolas, que variam de acordo com o tipo de cultura, o arranjo espacial, o manejo do solo e a rotação de culturas.
Confira a seguir os principais:
- Contorno: os sistemas são projetados para acompanhar o contorno natural do relevo. Esses terraços são formados por fileiras de cumes e canais de escoamento cobertos por gramíneas.
- Paralelo: utiliza terraços paralelos que seguem a direção do maior declive do terreno. O ideal é manter as plataformas paralelas o mais alinhadas possível. Pode ser necessário realizar o nivelamento do solo.
- Bancada: cria uma série de plataformas planas ou quase planas ao longo de uma encosta, semelhante a degraus. São úteis para o cultivo de arroz, devido à capacidade de reter água, mas não é apropriada para culturas que não toleram encharcamento, como batatas.
Exemplos de culturas comumente cultivadas em terraço
O cultivo em terraços pode ser utilizado em diversas culturas, tanto anuais quanto perenes, que se beneficiam das vantagens dessa técnica. Inclusive commodities agrícolas.
É importante considerar, porém, a produtividade em altitudes elevadas e a resistência ao alagamento, visto que os terraços tendem a reter umidade.
Por exemplo, embora o arroz seja cultivado em arrozais, sua produtividade diminui em altitudes acima de 375 metros.
As culturas cultivadas em terraço variam amplamente, incluindo:
- Café;
- Frutas, como maçãs;
- Especiarias e ervas, como açafrão e cominho preto;
- Vegetais, legumes e grãos, como trigo, trigo sarraceno, milho, painço e pulsos.
Essa diversidade permite a exploração de uma ampla gama de produtos agrícolas, adaptados às condições específicas dos terraços.
Como acabamos de ver, o terraceamento no Brasil é uma técnica que pode trazer muitos benefícios para a agricultura, mas que também exige um planejamento cuidadoso e um acompanhamento constante.
Para isso, é fundamental contar com o apoio de tecnologias que facilitem a gestão do negócio e a tomada de decisões.
Tecnologias TOTVS para o agronegócio
A maior empresa de tecnologia do Brasil oferece soluções completas e integradas para o agronegócio.
Os softwares para gestão agrícola da TOTVS trazem uma solução tecnológica completa para o agronegócio, promovendo eficiência e controle total da produção.
Com eles, você pode gerenciar todas as etapas da cadeia produtiva, desde a preparação do solo até a colheita, abrangendo o uso de insumos, máquinas e equipes.
A robustez e versatilidade do software permitem não apenas a administração eficiente de recursos, mas também a automação de processos, o que facilita o trabalho do produtor mesmo offline.
Isso resulta em uma gestão agrícola integrada que reduz custos e aumenta a qualidade e rendimento da produção, conectando o escritório com o campo de forma eficiente.
Conheça as tecnologias TOTVS para o agronegócio e veja como maximizar sua eficiência agrícola!
Conclusão
O terraceamento é uma técnica agrícola que consiste em construir terraços em áreas de declive, com o objetivo de reduzir a erosão do solo, reter a água da chuva e aumentar a produtividade das culturas.
Essa prática milenar ainda hoje é utilizada em diversas regiões do mundo, inclusive no Brasil, e é classificada conforme suas funções ou construção.
Além disso, pode ser combinada com diferentes sistemas agrícolas, que variam de acordo com o tipo de cultura, o arranjo espacial, o manejo do solo e a rotação de culturas.
Antes de implementar a técnica, é importante fazer o balanço entre as vantagens e desvantagens que ela proporciona, certo?
E o apoio de tecnologias neste momento pode ser fundamental para uma melhor gestão do negócio e para a tomada de decisões.
Ela pode contribuir, por exemplo, para seu plano de manejo. Saiba como!
Deixe aqui seu comentário