Produção puxada: o que é, diferenças para a produção empurrada e como escolher o modelo ideal

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Escrito por Equipe TOTVS
Última atualização em 13 outubro, 2025

Organizar o processo produtivo é um dos maiores desafios de qualquer indústria. Afinal, produzir em excesso significa aumentar custos de estoque e correr o risco de desperdício, enquanto produzir menos pode resultar em atrasos e perda de clientes.

É nesse equilíbrio delicado que entram dois modelos fundamentais de gestão da produção: a produção puxada e a produção empurrada.

Essas abordagens determinam quando e como a produção deve acontecer — se baseada em previsões e cronogramas, ou se desencadeada apenas a partir de pedidos reais. Cada uma delas traz vantagens e limitações que precisam ser compreendidas antes da escolha.

Ao longo dos últimos anos, com o avanço da tecnologia e o crescimento da demanda por personalização, a produção puxada ganhou destaque como forma de alinhar o processo produtivo ao cliente. No entanto, a produção empurrada continua sendo a mais usada em setores que dependem de escala e padronização.

Neste artigo, vamos explicar em detalhes o que são esses dois modelos, como funcionam, quais as vantagens de cada um e em quais cenários se aplicam melhor. Também vamos trazer exemplos práticos e critérios que ajudam gestores a escolher entre a produção puxada e a empurrada. Acompanhe!

O que é produção puxada?

A produção puxada é um modelo no qual a fabricação de produtos ocorre apenas quando há uma demanda real, seja ela um pedido do cliente ou o consumo interno de um componente dentro da cadeia produtiva. Em outras palavras, o fluxo de produção é “puxado” pela necessidade, e não pela previsão.

Esse conceito está diretamente ligado ao Lean Manufacturing e ao sistema Just in Time, desenvolvido no Japão, especialmente pela Toyota. A lógica é simples: reduzir ao máximo estoques e desperdícios, produzindo apenas o que é necessário, no momento em que é necessário.

Ao adotar esse modelo, as empresas passam a trabalhar com prazos mais enxutos e operações muito mais ajustadas à realidade do mercado. Isso exige processos organizados, comunicação eficiente entre áreas e sistemas de gestão que permitam monitorar em tempo real os pedidos, os estoques e a capacidade produtiva.

Como funciona a produção puxada

Na prática, a produção puxada funciona a partir de gatilhos claros. Um pedido confirmado de cliente aciona a ordem de produção. Ou, em etapas intermediárias, o consumo de determinado insumo gera a necessidade de reposição. Isso garante que a produção só se mova quando há uma demanda efetiva.

Esse modelo depende de forte integração entre vendas, planejamento e chão de fábrica. Quanto mais ágil for o fluxo de informações, menor será o tempo entre a entrada do pedido e a entrega do produto final.

Por isso, muitas indústrias combinam a produção puxada com sistemas digitais, capazes de gerar relatórios em tempo real e automatizar processos de compra e produção.

Vantagens da produção puxada

Esses são os principais benefícios oferecidos pelo modelo:

  • Redução de estoques: menos capital imobilizado em produtos parados;
  • Maior flexibilidade: capacidade de atender demandas personalizadas ou mudanças repentinas do mercado;
  • Menor desperdício: redução de produtos obsoletos ou fora do padrão;
  • Foco no cliente: produção diretamente conectada às necessidades reais.

Exemplos práticos de produção puxada

A aplicação desse modelo pode ser encontrada em diferentes segmentos da indústria, especialmente naqueles que trabalham com produtos sob encomenda ou de maior valor agregado.

Veja alguns exemplos:

  • Indústria automotiva: montadoras que produzem veículos sob encomenda, ajustando versões e opcionais conforme a escolha do cliente;
  • Móveis planejados: fabricação sob medida, onde cada pedido define dimensões, materiais e acabamentos;
  • Eletrodomésticos premium: produção em menor escala, direcionada a nichos específicos de mercado.

O que é produção empurrada?

A produção empurrada é um modelo tradicional de organização da manufatura, em que a fabricação dos produtos é baseada em previsões de demanda e cronogramas planejados. Nesse sistema, a empresa “empurra” os itens para o mercado, muitas vezes antes mesmo de haver pedidos confirmados.

A lógica é aproveitar a capacidade instalada, produzir em grandes lotes e manter estoques que garantem rapidez no atendimento.

Esse modelo ganhou força no século XX com a expansão da produção em massa e continua amplamente utilizado em setores que dependem de volume e padronização. A aposta é que, ao reduzir o custo unitário por meio de economias de escala, a empresa consiga manter preços competitivos e abastecer o mercado de forma contínua.

Como funciona a produção empurrada

No dia a dia, a produção empurrada segue o planejamento definido pelo PCP (Planejamento e Controle da Produção). Com base em análises históricas de vendas e previsões de mercado, são elaborados cronogramas que determinam o que será produzido, em que quantidade e em quais prazos.

Isso significa que a linha de produção não depende diretamente de um pedido real: ela é acionada de acordo com os planos estabelecidos. Para evitar rupturas, é comum manter estoques de segurança e produzir em grandes lotes, o que ajuda a reduzir os custos operacionais, mas pode gerar acúmulo de produtos parados se a previsão não se confirmar.

Vantagens da produção empurrada

Esses são os principais benefícios do modelo:

  • Economias de escala: ao produzir em grandes volumes, a empresa reduz o custo unitário;
  • Aproveitamento da capacidade produtiva: máquinas e linhas de produção funcionam de forma mais contínua;
  • Rapidez no atendimento: como há estoque disponível, o cliente pode receber o produto em prazos menores;
  • Padronização: adequado para produtos de alto giro e pouco personalizáveis.

Exemplos práticos de produção empurrada

Esse modelo é mais comum em setores que trabalham com produtos de alto giro e grande escala de produção. Alguns casos típicos são:

  • Indústria de bens de consumo de giro rápido: alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal, fabricados em grandes lotes para abastecer o varejo;
  • Eletrônicos de massa: celulares, televisores e computadores produzidos em larga escala com foco em distribuição global;
  • Moda fast fashion: coleções sazonais fabricadas em alto volume para reduzir custos e chegar rápido às lojas.

Produção puxada x produção empurrada: principais diferenças

Embora ambos os modelos tenham como objetivo organizar a produção, a lógica de funcionamento é oposta. Enquanto a produção puxada se baseia em demandas reais, a produção empurrada parte de previsões de mercado.

Essa diferença inicial impacta diretamente estoques, custos, riscos e até o posicionamento estratégico da empresa.

Comparação geral

As diferenças entre produção puxada e produção empurrada ficam ainda mais claras quando olhamos para pontos específicos da gestão produtiva. Cada modelo responde de forma distinta a questões como estoque, flexibilidade e custo.

Veja como isso se traduz na prática:

  • Gatilho da produção: na puxada, a ordem de fabricação é disparada por um pedido efetivo; na empurrada, por um plano prévio;
  • Gestão de estoques: a puxada busca estoques mínimos, enquanto a empurrada trabalha com volumes maiores para garantir disponibilidade;
  • Flexibilidade: a puxada se adapta melhor a demandas variáveis ou personalizadas; a empurrada funciona bem para produtos padronizados;
  • Risco operacional: na puxada, o risco é não conseguir atender uma alta repentina de pedidos; na empurrada, é acumular produtos sem saída;
  • Custo de capital: a puxada imobiliza menos recursos em estoque; a empurrada depende de maior investimento inicial, mas dilui custos em escala.
AspectoProdução PuxadaProdução Empurrada
Ponto de partidaPedido real ou consumo internoPrevisões de demanda e cronogramas
Controle do fluxoOrientado pela necessidadeOrientado pelo planejamento
Gestão de estoquesEstoques mínimos, reposição sob demandaEstoques elevados para garantir disponibilidade
FlexibilidadeAlta, permite personalizaçãoBaixa, adequada para produtos padronizados
RiscoFalta de produtos em picos de demandaExcesso ou obsolescência de estoque
Custo unitárioMaior, pela produção em menor escalaMenor, com ganhos de escala
Agilidade no atendimentoDepende do tempo de produçãoMais rápida, estoque já disponível
Exemplos típicosAutomóveis sob encomenda, móveis planejadosAlimentos, bebidas, moda fast fashion

Possibilidades de combinação

Na prática, muitas empresas adotam modelos híbridos, combinando características da produção puxada e empurrada. Por exemplo:

  • Produzir itens básicos em larga escala (empurrada) e personalizar acabamentos sob demanda (puxada);
  • Manter estoques de segurança de componentes principais (empurrada), mas só finalizar a montagem após o pedido do cliente (puxada).

Esse equilíbrio permite reduzir riscos, otimizar custos e atender com eficiência tanto mercados de massa quanto nichos personalizados.

Como escolher entre produção puxada e produção empurrada?

Na prática, a decisão depende do tipo de produto, do comportamento da demanda, dos prazos exigidos pelo cliente, dos custos de estoque e setup, e da estratégia competitiva.

Muitas empresas acabam adotando o modelo híbrido e definindo um ponto de desacoplamento (onde termina a lógica empurrada e começa a puxada).

A seguir, confira alguns pontos que devem ser considerados para tomar uma decisão mais segura!

Natureza do produto e variedade

Produtos personalizados, com muitas variantes ou alto valor agregado tendem a se beneficiar da puxada (produção sob demanda). Já itens padronizados, de alto volume e baixo mix favorecem a empurrada.

Se houver modularidade (componentes comuns com variações na ponta), avalie puxada na montagem final e empurrada nos módulos.

Perfil da demanda e previsibilidade

Demanda estável e previsível (sazonalidade conhecida, baixo desvio entre previsão e realizado) favorece a empurrada. Demanda volátil ou difícil de prever pede puxada (ou postponement).

Lead time do cliente x lead time interno

Compare o prazo que o cliente aceita (lead time de mercado) com o seu lead time de produção.

  • Se o cliente quer antes do seu tempo de produção, você precisará de estoque em algum ponto (lógica empurrada até o ponto de desacoplamento);
  • Se o cliente aceita esperar, a puxada ganha espaço.

Custos de estoque, setup e capacidade

Quando os custos de manter estoque (capital empatado, obsolescência, armazenagem) são altos, a puxada reduz exposição.

Quando os custos de setup e trocas de produto são altos e a capacidade precisa ser nivelada, a empurrada com lotes maiores pode ser mais econômica — a menos que você reduza setup, o que abre caminho para a puxada.

Cadeia de suprimentos e fornecedores

Quando os prazos de entrega são longos ou há exigência de pedidos mínimos muito grandes, fica difícil trabalhar apenas com a lógica puxada. Isso porque a empresa pode não ter insumos suficientes no momento em que o cliente faz o pedido.

Nesses casos, uma solução prática é manter estoques de segurança (empurrada) para os componentes críticos, garantindo disponibilidade de matéria-prima. A etapa final da produção, porém, pode seguir a lógica puxada, iniciando a montagem ou o acabamento apenas após a confirmação da demanda.

Estratégia competitiva e posicionamento

Se sua proposta de valor é preço baixo e disponibilidade imediata, a empurrada com escala pode sustentar a estratégia.

Mas se a proposta é customização, agilidade e serviço, a puxada (ou híbrido com postponement) tende a alinhar melhor operação e mercado.

Qualidade, conformidade e risco

Setores com requisitos regulatórios rígidos, validations ou shelf-life curto podem exigir estoques controlados e lotes planejados (empurrada), com puxada na liberação final para reduzir perdas e vencimentos.

Como a TOTVS apoia na gestão da produção e da logística

Seja na produção puxada ou na empurrada, o que garante eficiência é ter informações em tempo real para planejar, executar e ajustar os processos. E é exatamente isso que a suíte de Logística da TOTVS oferece: tecnologias completas para integrar a gestão da cadeia de suprimentos, da produção e da distribuição.

Com os sistemas TOTVS, sua empresa pode:

  • Planejar e controlar a produção com mais precisão, acompanhando ordens, estoques e capacidade produtiva em tempo real.
  • Gerenciar estoques de forma inteligente, reduzindo excessos e evitando rupturas, o que é essencial para equilibrar produção puxada e empurrada.
  • Otimizar o transporte e a distribuição, garantindo entregas no prazo e com menor custo.
  • Integrar áreas administrativas e operacionais, para que planejamento, compras, produção e logística trabalhem em sintonia.
  • Visualizar indicadores e relatórios completos, apoiando decisões estratégicas com base em dados confiáveis.

Com esse suporte tecnológico, sua empresa não precisa escolher entre eficiência e flexibilidade: pode aplicar o modelo de produção que fizer mais sentido em cada cenário, sempre com o apoio de uma gestão logística robusta e inteligente.

Conheça a Suíte Logística da TOTVS e descubra como potencializar a gestão da sua cadeia produtiva!

Conclusão

A gestão da produção é um dos pilares mais importantes para a competitividade de qualquer indústria. E, como você viu, a escolha entre produção puxada e empurrada impacta diretamente estoques, custos, prazos de entrega e até a percepção do cliente em relação à sua empresa.

A produção puxada oferece flexibilidade, alinhamento às demandas reais e menor risco de desperdício, sendo ideal para produtos personalizados ou de alto valor agregado. Já a produção empurrada garante escala, padronização e disponibilidade imediata, atendendo com eficiência mercados de alto giro e previsibilidade. 

Muitas vezes, o caminho mais inteligente é combinar as duas abordagens, aproveitando o melhor de cada uma.

Independentemente do modelo escolhido, o ponto em comum é a necessidade de informações confiáveis em tempo real para planejar, executar e monitorar processos. É aqui que a tecnologia se torna indispensável, permitindo maior integração da cadeia produtiva, eficiência operacional e agilidade na tomada de decisões.

Se você quer se aprofundar no tema, recomendamos a leitura do artigo sobre Logística 4.0, que mostra como a transformação digital está redefinindo a forma como empresas integram produção, estoques e distribuição. 

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