A importância das cidades-esponja e os exemplos no mundo

Escrito por Equipe TOTVS
Última atualização em 25 agosto, 2024

As mudanças climáticas e o crescimento urbano acelerado têm impactado fortemente as dinâmicas nas cidades e a água é um dos elementos principais neste processo.

Na busca por soluções e alternativas ao contexto atual, e com base na sua própria experiência com a natureza, o  arquiteto chinês Kongjian Yu criou o conceito de cidades-esponja. 

Ele responde aos desafios urbanos modernos, mas também oferece uma solução sustentável para a gestão de águas pluviais e a prevenção de inundações, os quais são problemas crescentes em muitos centros. 

Nesse texto, vamos falar mais sobre o que é esse conceito, como funciona e alguns exemplos que já existem no mundo. Boa leitura!

O que são e como funcionam as cidades-esponja?

O conceito de “cidades-esponja” representa uma inovação urbanística e visa transformar as cidades em áreas mais resilientes e adaptativas frente aos desafios hídricos contemporâneos. 

Baseada na capacidade de uma esponja — ou seja, capaz de absorver, reter e liberar água —, esta abordagem de design urbano foca em maximizar a absorção e utilização das águas pluviais e na recarga de aquíferos e lençóis freáticos.

A implementação de soluções baseadas na natureza, como áreas verdes extensas, jardins de chuva, pavimentos permeáveis e telhados verdes, é central para este modelo. 

Essas técnicas não só permitem que a água da chuva seja absorvida onde cai, reduzindo o escoamento superficial e as enchentes, como também promovem a infiltração da água no solo, o que pode ajudar a restaurar os ciclos naturais de água urbanos.

Além de gerenciar eficientemente as águas pluviais, as cidades-esponja são projetadas para funcionar como florestas. 

Isso significa que elas sequestram carbono, ajudando a combater a mudança climática, e também promovem a biodiversidade, criando habitats para diversas espécies.

Quem criou as cidades-esponja?

O conceito de cidades-esponja foi criado por Kongjian Yu, um renomado paisagista e urbanista chinês.

Kongjian Yu introduziu esses princípios como parte de um esforço para lidar com as graves inundações urbanas e a degradação ambiental observadas especialmente na China, trazendo soluções que reintegram elementos naturais no tecido urbano para gerenciar as águas pluviais.

Tudo começou com sua pequena vila, que tem um rio, e onde chove sem parar no verão. Ele viveu 17 anos como agricultor e isso o ensinou como trabalhar com a natureza. Quando se mudou para uma cidade grande, ele entendeu o motivo das inundações.

Hoje, ele é o fundador do escritório de design urbano Turenscape, e suas ideias de plano de manejo sustentável das águas urbanas influenciam o desenvolvimento de projetos de construção verde em várias cidades ao redor do mundo — inclusive, faz parte do plano nacional da China.

Principais características de uma cidade-esponja

Nas palavras do próprio Kongjian Yu, “A natureza se adapta, é viva. O conceito de cidade-esponja é baseado no princípio de que a natureza regula a água” em entrevista para a Globo.

E essa é a principal característica desse conceito, que se divide em três pilares: contenção de água, redução da velocidade e, ainda, escoamento e absorção.

Vamos entender melhor.

Contenção da água

O objetivo deste pilar é reter a água da chuva assim que ela cai, minimizando o escoamento superficial que pode levar a inundações. 

As estratégias de Yu incluem a reserva de pelo menos 20% da área de cada local, como fazendas ou espaços urbanos, para sistemas de açudes e outras infraestruturas de captação de água.

Esses espaços funcionam como esponjas, absorvendo e retendo a água antes que ela atinja rios ou sobrecarregue sistemas de drenagem.

Além disso, áreas verdes e permeáveis são essenciais para permitir a infiltração da água no solo, auxiliando na retenção de água da chuva em áreas porosas e não pavimentadas.

Redução da velocidade

A desaceleração do fluxo de água é elementar para evitar erosão e permitir que a água seja naturalmente absorvida pelo solo. 

O uso de vegetação densa e a criação de barreiras naturais, como sistemas de lagos e áreas alagadas, são técnicas eficazes para diminuir a velocidade da água durante chuvas intensas. 

Essas estruturas funcionam como tampões que retardam o fluxo de água, distribuindo-o de forma mais controlada ao longo do tempo.

Escoamento e absorção

Adaptar as cidades para integrar áreas que podem ser intencionalmente alagadas em situações de excesso de chuvas é um aspecto chave. 

Essas áreas alagáveis, muitas vezes configuradas como parques ou zonas verdes, são projetadas para coletar o excesso de água e facilitar sua absorção gradual no lençol freático. 

Isso não só previne danos a estruturas urbanas, mas também ajuda na recarga de aquíferos subterrâneos, fundamental para a sustentabilidade dos recursos hídricos urbanos.

Cidades-esponja e seu papel para evitar tragédias climáticas

As cidades-esponja emergem como uma resposta inovadora e essencial aos desafios impostos pelas mudanças climáticas, que intensificam fenômenos meteorológicos e elevam o nível de águas em rios e mares. 

Segundo Kongjian Yu, as estruturas tradicionais como barragens de cimento e tubulações impermeáveis provaram ser insuficientes para mitigar os impactos das intensas chuvas e inundações cada vez mais frequentes. 

Ele defende que as cidades-esponja, com sua capacidade de absorver e reter água da chuva, representam uma solução viável e adaptável a qualquer contexto geográfico, inclusive no Brasil.

No Brasil, especificamente, o cenário urbano mostra que 61% da população vive em áreas urbanas, segundo o IBGE em 2022.

 A implementação poderia transformar essas regiões, utilizando a abundância de áreas naturais para criar sistemas de escoamento e absorção eficazes.

Um exemplo prático desses desafios ocorreu recentemente no Rio Grande do Sul, onde chuvas intensas provocaram enchentes devastadoras. 

Sistemas semelhantes ao desse conceito poderiam mitigar significativamente esses impactos, demonstrando que tais estratégias são cruciais não apenas para a sustentabilidade, mas também para a sobrevivência urbana em tempos de clima extremo. 

Segundo Yu, “as cidades-esponja são uma solução para climas extremos, onde quer que eles estejam” destacando que o Brasil, com suas vastas áreas naturais, apresenta um grande potencial para essa inovação.

Exemplos de cidades-esponja que já existem

O conceito, promovido pela primeira vez na China por meio do presidente Xi Jinping em 2015 com o “Programa Cidade-Esponja” transformou rapidamente a paisagem urbana de muitas cidades. 

O programa incentiva a substituição de infraestruturas cinzas, comuns como cimento e concreto, por infraestruturas verdes que absorvem água.

Este movimento foi liderado pelo próprio criador do conceito, que fez com que a ideia fosse replicada em diversas cidades chinesas, dando início a muitos “parques-esponja”. 

Um dos exemplos mais notáveis é o Houtan Park, em Xangai, situado ao longo do rio Huangpu. 

Esta área verde de quase dois quilômetros foi transformada de uma zona industrial em um parque com terraços plantados com vegetação nativa, zonas úmidas que filtram água, e caminhos que criam um habitat para a vida selvagem local.

Fora da China, o conceito se espalhou para cidades como Nova York, Berlim, e Copenhague, que também incorporaram elementos desse conceito em suas paisagens urbanas. 

Em Bangkok, na Tailândia, Yu supervisionou a criação do Parque Florestal Benjakitti, que transformou uma antiga fábrica de tabaco em um exuberante parque de 400 mil metros quadrados, com lagos e ilhas pequenas.

No Brasil, apesar de não ser uma prática comum, Curitiba tem sido uma cidade pioneira. Desde a década de 1970, a cidade investe em parques projetados para armazenar água da chuva. 

O Parque Barigui, um dos maiores e mais populares da cidade, é frequentemente destacado como um exemplo bem-sucedido de gestão de águas pluviais, demonstrando como esses espaços podem funcionar eficazmente durante períodos de chuva intensa.

Sistemas TOTVS para Construção

Manter-se atualizado sobre as últimas tendências em arquitetura e urbanismo é importante para o setor de construção, especialmente para aqueles que buscam incorporar abordagens modernas e inovadoras em seus projetos. 

Os Sistemas TOTVS para Construção são projetados especificamente para atender a essas necessidades, oferecendo soluções escaláveis que evoluem com sua empresa.

Nossa plataforma abrange desde o planejamento até a execução e o monitoramento detalhado das obras. Por meio de aplicativos desenvolvidos para uso direto no canteiro, é possível realizar controles e registros de forma eficiente. 

Os softwares também permite um planejamento robusto, incluindo a Estrutura Analítica de Projeto (EAP), execução e planejamento financeiro e aquisitivo.

Além disso, a integração com arquivos BIM permite a visualização de projetos em 3D, otimizando o gerenciamento de equipamentos e mão de obra, a gestão de contratos e o mapeamento de riscos. 

Essas funcionalidades garantem uma administração mais eficaz e um controle rigoroso de cada etapa do projeto.

Que tal conhecer mais sobre os Sistemas TOTVS para Construção?

Conclusão

O potencial transformador das cidades-esponja é gigantesco para a gestão urbana e ambiental. 

Este modelo, que simula o comportamento natural de ecossistemas como florestas na absorção e gestão de água, oferece uma resposta essencial aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

A aplicação prática dessas ideias, desde o Houtan Park em Xangai até o Parque Barigui em Curitiba, são bons exemplos de como as cidades podem se tornar resilientes e adaptativas. 

O investimento em infraestrutura verde não só ajuda na prevenção de desastres naturais, mas também promove a biodiversidade, melhora a qualidade do ar e oferece espaços verdes para o lazer urbano.

Na prática, essa é uma filosofia de planejamento urbano que integra natureza e cidade, criando metrópoles mais saudáveis, sustentáveis e agradáveis para viver. 

À medida que enfrentamos um futuro de incertezas climáticas, essas iniciativas mostram um caminho promissor para a construção de cidades verdadeiramente adaptativas e resilientes.

E aí, gostou do nosso guia sobre o tema? 

Para seguir aprendendo sobre assuntos relacionados, leia também sobre o  mercado de carbono e entenda como participar!

Artigos Relacionados

Deixe aqui seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Usamos cookies para fornecer os recursos e serviços oferecidos em nosso site para melhorar a experência do usuário. Ao continuar navegando neste site, você concorda com o uso destes cookies. Leia nossa Política de Cookies para saber mais.