Entenda o papel do NVOCC na logística internacional

Imagem de relógio para tempo de leitura.

Tempo de leitura: 9 minutos

Escrito por Equipe TOTVS
Última atualização em 02 maio, 2025

Em janeiro de 2025, o total global de contêineres movimentados alcançou 15,4 milhões de TEU, um avanço de 5,8% em relação ao mesmo mês de 2024 (no primeiro tópico, voltaremos a falar desse dado). O comércio marítimo global segue em alta. 

Com o modelo NVOCC, pequenas e médias empresas também ganham acesso direto às rotas globais, como se gerenciassem a própria frota de navios, sem gastar um centavo em manutenção ou capital. 

É uma revolução silenciosa: o exportador concentra cargas diversas, negocia tarifas de volume e assume o papel de transportador, mas sem pressa nem burocracia. 

Em vez de esperar o contêiner encher, ele reúne remessas fragmentadas e navega por soluções de agendamento flexíveis.

Saiba mais sobre esse modelo logístico e sobre as oportunidades que ele confere. 

O que é uma empresa NVOCC (Non Vessel Operator Common Carrier)?

Uma empresa NVOCC funciona como transportadora comum sem possuir navios próprios. Em vez de operar embarcações, ela aluga espaço em navios de armadores tradicionais. 

Após a negociação com o armador, o NVOCC emite seu próprio conhecimento de embarque (House Bill of Lading), documentando cada remessa

Isso confere ao cliente a mesma segurança de contratação de um transportador direto, mesmo que o transporte ocorra em navios de terceiros.

O termo surgiu nos Estados Unidos, onde a Federal Maritime Commission (FMC) regulamenta as operações de Non Vessel Operating Common Carriers. 

No Brasil, embora não haja uma agência idêntica à FMC, a atividade é reconhecida pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e pela Secretaria da Receita Federal, no registro de Operador de Transporte Internacional (OTI). 

Além disso, a empresa NVOCC assume obrigações contratuais diretas com o exportador ou importador, com tarifas consolidadas, prazos e garantias próprias. 

Isso amplia o leque de soluções logísticas disponíveis para quem precisa enviar mercadorias por via marítima, terrestre e até aérea, caso a Non Vessel Operator Common Carrier possua expertise multimodal.

O mercado global de agregadores NVOCC foi avaliado em US$ 8,3 bilhões em 2023 e deverá atingir US$ 15,7 bilhões até 2032, com um crescimento anual composto (CAGR) de 7,4% durante esse período.

Como vimos na introdução, dados do Sea Intelligence só reforçam o crescimento do comércio marítimo: aumento de 5,8% com relação ao ano passado. Assim, as oportunidades são inúmeras. 

Qual a função de um NVOCC?

A principal função de um NVOCC é consolidar, documentar e gerir o transporte de cargas internacionais. Ele faz a consolidação de pequenas remessas de diferentes clientes em um único contêiner. 

Com isso, divide custos e maximiza a ocupação do contêiner. Em seguida, negocia tarifas competitivas com armadores, graças ao volume agregado de carga.

Ao emitir o House Bill of Lading (HBL), o NVOCC assume a responsabilidade legal perante o embarcador. 

Caso haja avaria ou atraso, cabe a ele tratar reclamações e acionar o armador responsável. Além desse papel de coordenação, o Non Vessel Operator Common Carrier também lida com a intermediação de desembaraço aduaneiro, seguros de carga e armazenagem.

O NVOCC ainda pode oferecer serviços complementares, como transporte interno de caminhão, cross-docking e gestão de estoque. Isso resulta em soluções porta a porta, que simplificam a operação para o cliente final. 

No fim, o NVOCC agrega valor ao reduzir gargalos operacionais e concentrar múltiplas etapas logísticas sob um único contrato.

Como o NVOCC pode agilizar o processo de embarque das cargas?

O ponto de partida é a consolidação de embarques. Em vez de aguardar o container cheio de um único embarcador, o NVOCC organiza cargas diversas, preenchendo espaços subutilizados. 

Isso reduz o tempo de espera por lotes completos. Com frequência maior de consolidação, o cliente tem mais flexibilidade de envio.

Além disso, o NVOCC mantém relacionamento direto com diversos armadores. Caso uma linha específica apresente atraso, ele transfere o contêiner para outra com prazo mais curto. 

Essa flexibilidade elimina gargalos de agendamento, pois o Non Vessel Operator Common Carrier monitora semanalmente a disponibilidade de navios.

Na prática, o processo aduaneiro também ganha celeridade. Como o NVOCC usa um único HBL para diversos embarcadores, o despacho ocorre de forma padronizada, com documentação uniformizada. 

A Receita Federal lê rapidamente o lote consolidado, acelerando a liberação. Por fim, o NVOCC oferece acompanhamento em tempo real, por meio de plataformas digitais, para que o embarcador saiba exatamente onde a carga se encontra.

Como ser um NVOCC?

Para atuar como NVOCC, o primeiro passo consiste em obter registro como Operador de Transporte Internacional (OTI) junto à ANTAQ e Receita Federal. Essa habilitação comprova capacidade técnica, recursos financeiros e seguro de responsabilidade civil.

Em seguida, é preciso firmar contratos de afretamento ou espaço com armadores. O acordo depende de volume mínimo garantido mensalmente. 

Estabelecer parcerias com outras NVOCCs pode ajudar a cumprir metas de tonelagem inicial.

O terceiro requisito envolve infraestrutura tecnológica. É essencial ter sistema de gestão de fretes capaz de emitir conhecimentos de embarque próprios, controlar consolidação e integrar-se a portais de agendamento de terminais portuários.

Por fim, montar time qualificado em comércio exterior — com conhecimentos em documentação, regulamentos sanitários e segurança da carga — garante operação eficiente. Investir em treinamento constante evita erros na emissão de HBL e problemas de compliance.

Qual a diferença entre um NVOCC e um agente de carga?

Embora ambos atuem na logística, o NVOCC assume o papel de transportador comum, enquanto o agente de carga (freight forwarder) age como corretor de fretes.

O NVOCC emite seu próprio conhecimento de embarque e figura como parte contratual no transporte. Caso ocorra sinistro, o embarcador busca ressarcimento diretamente com o Non Vessel Operator. 

Já o agente de carga representa o embarcador diante de transportadores; ele emite conhecimento de embarque do armador ou de outro transportador, mas não assume responsabilidade final pela mercadoria.

Outra distinção é financeira. O NVOCC controla margens ao consolidar cargas e revender espaço, o que possibilita tarifação fixa. Por outro lado, o agente de carga aplica a taxa de corretagem sobre o valor do frete, sem necessariamente negociar volumes próprios.

Por que investir em parcerias estratégicas com NVOCC?

Parcerias com NVOCC proporcionam acesso a tarifas competitivas. Devido ao volume agregado de cargas, eles conseguem descontos no frete marítimo que dificilmente um exportador isolado obteria.

Além disso, a estabilidade de capacidade garante espaço prioritário em épocas de alta demanda. Ao estabelecer contrato de longo prazo, a empresa evita surpresas em períodos de pico, quando a disponibilidade de contêineres escasseia.

Outra vantagem reside na consolidação inteligente. O NVOCC agrupa cargas por rota, otimizando a ocupação dos contêineres e reduzindo o custo por unidade de volume. 

Com menor ritmo de importações, um embarcador consome menos capital de giro, pois a liberação aduaneira ocorre em lotes maiores.

Por fim, contar com o NVOCC assegura serviços integrados de ponta a ponta. Em vez de lidar com vários prestadores, o embarcador negocia diretamente com um único parceiro, que reúne frete, seguro, desembaraço e transporte interno.

NVOCC no Brasil

O Brasil vive um crescimento constante no segmento de consolidação marítima. Nos últimos anos, surgiram diversos players nacionais e internacionais que oferecem serviços NVOCC no mercado interno.

A ANTAQ não exige licença específica para NVOCC, mas o OTI é obrigatório para operações internacionais. Para licenciar-se, a empresa deve comprovar capital mínimo e seguro de responsabilidade. 

A Receita Federal, por sua vez, monitora a emissão de conhecimentos de embarque e confere os documentos de importação e exportação consolidados.

Entre os principais NVOCCs atuantes no país estão empresas que combinam soluções globais e conhecimento local, adaptando rotas para portos brasileiros como Santos, Itajaí e Suape. 

Essas companhias investem em hubs de consolidação em campos logísticos próximos aos terminais, acelerando a coleta e distribuição da carga.

O mercado brasileiro valoriza o NVOCC por seu papel na democratização do comércio exterior. Exportadores de pequeno porte, que antes enfrentavam elevadas taxas de frete mínimo, agora acessam o transporte marítimo sob condições viáveis.

Suíte logística da TOTVS

A Suíte Logística da TOTVS reúne soluções que cobrem toda a operação de ponta a ponta, da gestão de transporte (TMS), armazenagem (WMS), planejamento de rotas a execução de fretes. 

Cada tecnologia conversa diretamente com o ERP, eliminando retrabalho e divergências de dados. Assim, você tem uma visão completa da cadeia logística e consegue otimizar a eficiência dos seus processos.

Saiba mais sobre nossa Suíte Logística!

Conclusão

O NVOCC surge como solução versátil para quem busca eficiência em logística internacional. Ao alugar espaço em navios, consolidar cargas e emitir conhecimentos de embarque próprios, essas empresas entregam rapidez e segurança. 

Desde a redução de custos até a flexibilidade em períodos de alta demanda, as vantagens tornam-se claras para embarcadores de todos os portes.

Por fim, investir em parcerias sólidas com NVOCC traz ganhos palpáveis em economia de tempo e custo, fortalecendo a cadeia de suprimentos e ampliando o alcance internacional da sua empresa.

Depois dessa leitura, continue aprofundando: entenda como funciona um terminal marítimo!

Deixe aqui seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


X

Usamos cookies para fornecer os recursos e serviços oferecidos em nosso site para melhorar a experência do usuário. Ao continuar navegando neste site, você concorda com o uso destes cookies. Leia nossa Política de Cookies para saber mais.