No cenário corporativo atual, a transparência e a responsabilidade estão no centro das atenções. Investidores, órgãos reguladores e a sociedade como um todo esperam que as empresas não apenas apresentem resultados financeiros sólidos, mas também revelem de forma clara seus impactos ambientais, sociais e de governança.
As IFRS (International Financial Reporting Standards) surgem como um conjunto de normas internacionais capaz de padronizar a elaboração de demonstrações financeiras em escala global. Muito além de organizar números contábeis, essas regras vêm evoluindo para integrar aspectos de sustentabilidade e alinhar as empresas às exigências do mercado e da agenda ESG.
Mas afinal, o que é IFRS na prática? Quais são seus objetivos e como essas normas estão conectadas à transformação rumo a negócios mais sustentáveis? É o que você vai descobrir ao longo deste guia. Continue lendo!
O que é IFRS?
As IFRS (International Financial Reporting Standards) são normas internacionais de contabilidade criadas para padronizar a forma como as empresas apresentam suas demonstrações financeiras. Publicadas pela International Accounting Standards Board (IASB), essas regras são hoje adotadas em mais de 140 países, incluindo o Brasil.
No país, a adoção das IFRS ocorreu a partir de 2010, com o trabalho do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que traduz e adapta as normas internacionais à realidade brasileira.
Desde então, empresas de capital aberto e outras organizações relevantes passaram a seguir esse padrão contábil, garantindo maior transparência e comparabilidade.
Em termos simples, quando falamos em IFRS, falamos em credibilidade e padronização. Com regras unificadas, investidores, auditores e gestores conseguem analisar resultados financeiros de empresas de diferentes setores e países sob a mesma base, facilitando decisões e investimentos.
Quais são os objetivos das normas IFRS?
As normas IFRS têm como principal objetivo criar uma linguagem contábil universal, mas seus impactos vão muito além. Entre os pontos mais relevantes, estão:
- Padronização global: permite que demonstrações financeiras sejam comparáveis em diferentes países e setores;
- Transparência: amplia a qualidade das informações financeiras e não financeiras, reduzindo riscos de assimetria de dados;
- Apoio à tomada de decisão: fornece relatórios confiáveis para investidores, acionistas e órgãos reguladores avaliarem riscos e oportunidades;
- Integração com ESG: com a chegada das IFRS S1 e S2, as normas também passaram a incluir informações de sustentabilidade, reforçando a relação entre desempenho financeiro e impacto ambiental e social.
Assim, ao adotar as IFRS, as empresas não apenas cumprem um padrão regulatório, mas também fortalecem sua reputação e demonstram compromisso com uma governança mais transparente e alinhada às demandas globais.
Principais normas IFRS
As normas IFRS abrangem diferentes aspectos da contabilidade e são aplicadas em empresas de diversos setores ao redor do mundo. Entre as mais relevantes, destacam-se:
- IFRS 9 – Instrumentos financeiros: define regras para classificação, mensuração e divulgação de ativos e passivos financeiros, além de orientar sobre perdas de crédito esperadas;
- IFRS 15 – Receita de contratos com clientes: estabelece critérios sobre quando e como as receitas devem ser reconhecidas, garantindo mais clareza e consistência na divulgação;
- IFRS 16 – Arrendamentos: trouxe mudanças significativas ao exigir que empresas reconheçam em seus balanços os contratos de leasing, aumentando a transparência sobre obrigações financeiras.
Essas normas, junto a outras já consolidadas, formam a base da contabilidade internacional moderna. Porém, nos últimos anos, novas diretrizes passaram a ganhar destaque por expandirem a contabilidade para além das finanças tradicionais.
As novas IFRS S1 e S2
Com a criação do International Sustainability Standards Board (ISSB), foram publicadas em 2023 as normas IFRS S1 e IFRS S2, que representam um marco na integração entre contabilidade e sustentabilidade:
- IFRS S1 – Divulgação geral de sustentabilidade: estabelece requisitos para reportar riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governança que possam impactar o desempenho financeiro da empresa. Baseada nos quatro pilares do TCFD (Governança, Estratégia, Gestão de Risco, Métricas e Metas), amplia o escopo da contabilidade para além das finanças;
- IFRS S2 – Divulgação relacionada ao clima: foca em informações climáticas, exigindo que as empresas divulguem planos de transição para economia de baixo carbono, além de métricas ligadas às emissões de gases de efeito estufa (Escopos 1, 2 e 3).
IFRS e ESG: a convergência entre contabilidade e sustentabilidade
A publicação das IFRS S1 e S2 consolida a tendência de que a contabilidade deve refletir não apenas o desempenho financeiro, mas também a resiliência e o impacto socioambiental das organizações.
A evolução das normas IFRS mostra que a contabilidade deixou de ser apenas um instrumento de mensuração financeira para se tornar também uma ferramenta de gestão estratégica da sustentabilidade. Com as novas diretrizes, passa a existir uma convergência clara entre relatórios contábeis e informações ambientais, sociais e de governança.
Na prática, isso significa que as empresas devem considerar não apenas seus ativos, passivos e fluxo de caixa, mas também os riscos e oportunidades associados ao ESG. Questões como emissões de carbono, mudanças climáticas, segurança do trabalho e proteção de dados passam a entrar no radar das demonstrações financeiras.
Essa integração aumenta a credibilidade das informações de sustentabilidade, um ponto cada vez mais cobrado por investidores. Relatórios ESG sem padronização costumavam dificultar comparações entre empresas e setores. Com a adoção das IFRS S1 e S2, esse problema tende a diminuir, já que todas as organizações devem reportar dentro de uma mesma base.
Outro aspecto relevante é a conexão entre riscos climáticos e desempenho financeiro. Eventos como secas, enchentes e crises energéticas podem impactar diretamente custos, receita e até a sobrevivência de um negócio. Ao exigir que esses fatores sejam mensurados e divulgados, as IFRS ampliam a visão de longo prazo e incentivam uma gestão mais responsável.
Assim, a contabilidade se fortalece como um elo entre a performance financeira tradicional e os compromissos de sustentabilidade, contribuindo para um modelo de negócios mais transparente, resiliente e alinhado às demandas globais.
IFRS S1 e S2: o que muda na prática
A publicação das normas IFRS S1 e IFRS S2, em 2023, marcou uma virada de chave no relato corporativo. Pela primeira vez, aspectos de sustentabilidade e clima passaram a ser tratados de forma integrada e obrigatória nos padrões contábeis internacionais.
A seguir, entenda em detalhes o que cada uma dessas normas estabelece e como elas impactam a gestão das empresas.
IFRS S1 – Divulgação geral de sustentabilidade
A IFRS S1 estabelece diretrizes amplas para a divulgação de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que podem afetar o desempenho financeiro de uma empresa. A norma se apoia nos quatro pilares do Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD):
- Governança: exigir que a alta liderança seja responsável pelas estratégias ligadas à sustentabilidade;
- Estratégia: mostrar como questões ESG afetam o modelo de negócios no curto, médio e longo prazo;
- Gestão de risco: integrar os riscos ambientais e sociais ao gerenciamento global da empresa;
- Métricas e metas: padronizar indicadores, como consumo de energia, diversidade ou segurança do trabalho.
Um dos diferenciais da IFRS S1 é exigir que empresas divulguem informações que vão além do ambiental, abrangendo também questões sociais e de governança. Exemplos incluem relatórios sobre saúde e segurança ocupacional ou políticas de proteção de dados pessoais.
IFRS S2 – Divulgação relacionada ao clima
Já a IFRS S2 foca especificamente nas mudanças climáticas. Ela exige que as empresas apresentem relatórios detalhados sobre sua exposição a riscos climáticos, planos de transição para economia de baixo carbono e metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Essas emissões são classificadas em três escopos:
- Escopo 1: emissões diretas das operações da empresa, como frota própria ou caldeiras;
- Escopo 2: emissões indiretas relacionadas ao consumo de energia adquirida;
- Escopo 3: emissões indiretas da cadeia de valor, como fornecedores e ciclo de vida dos produtos.
Com a adoção da IFRS S2, empresas passam a ser cobradas não apenas por reduzir suas emissões diretas, mas também por monitorar toda a sua cadeia de fornecimento. Isso aumenta a complexidade da gestão, mas também fortalece a confiabilidade dos dados para investidores e sociedade.
Como as empresas podem se preparar para a adoção das IFRS
A adoção das novas normas exige uma mudança cultural e estrutural nas organizações. Para atender aos requisitos das IFRS, especialmente S1 e S2, as empresas precisam ir além da contabilidade tradicional e integrar aspectos ESG à sua gestão. Alguns passos fundamentais são:
- Antecipar a coleta e gestão de dados ESG: começar a estruturar sistemas que consolidem informações ambientais, sociais e de governança de forma confiável e auditável;
- Criar comitês internos de governança climática: envolver a alta liderança e definir responsabilidades claras para a integração da sustentabilidade à estratégia do negócio;
- Investir em tecnologia de monitoramento: softwares, sensores e plataformas digitais são essenciais para acompanhar indicadores em tempo real e atender às exigências de transparência;
- Capacitar equipes de contabilidade e sustentabilidade: treinar colaboradores para lidar com novas métricas e relatórios é indispensável para garantir consistência;
- Comunicar-se com stakeholders: relatórios IFRS precisam ser claros, compreensíveis e acessíveis a investidores, clientes e sociedade, fortalecendo a credibilidade da marca.
Ao se preparar com antecedência, as empresas não apenas evitam riscos de não conformidade, como também se posicionam de forma estratégica diante de investidores que valorizam negócios sustentáveis e resilientes.
Gestão ESG by DEEP
O campo de critérios ambientais, sociais e de governança está em constante evolução, com novas abordagens e soluções emergindo regularmente para atender às crescentes demandas por sustentabilidade e responsabilidade corporativa, e as finanças corporativas fazem parte disso.
A Gestão ESG by DEEP é uma plataforma integrada da TOTVS que simplifica a agregação de dados dentro de sua organização, automatizando a coleta de indicadores relevantes.
Esse sistema assegura a conformidade dos seus negócios com os requisitos regulatórios, seja em âmbito local, nacional ou global.
Assim, diminui diversos riscos, incluindo os operacionais, financeiros e comerciais, ao conectar-se diretamente ao seu ERP, sistemas existentes e planilhas.
Com o sistema, você obtém dados padronizados e confiáveis, atualizados mensalmente, o que garante o cumprimento dos prazos de divulgação e previne possíveis penalidades à sua empresa.
Além disso, a plataforma aprimora a eficiência operacional e libera o tempo de suas equipes para focar em estratégias, minimizando a necessidade de recorrer a consultorias externas e reduzindo custos com auditorias.
Conheça ainda mais sobre o Gestão ESG by DEEP!
Conclusão
As IFRS (International Financial Reporting Standards) representam muito mais do que um padrão contábil internacional. Ao entender o que é IFRS, fica claro que essas normas têm como objetivo padronizar, dar transparência e aproximar a contabilidade das práticas de sustentabilidade, alinhando o desempenho financeiro à agenda ESG.
Com a chegada das normas IFRS S1 e S2, empresas de todo o mundo, inclusive no Brasil, precisam repensar a forma como elaboram relatórios e se comunicam com investidores e sociedade.
A divulgação de riscos climáticos, sociais e de governança passa a ser tão relevante quanto os números tradicionais, trazendo uma visão mais completa da perenidade dos negócios.
Preparar-se para essa transformação exige investimentos em tecnologia, capacitação e governança. Mas os benefícios são claros: acesso a capital mais competitivo, reputação fortalecida e maior resiliência diante de mudanças regulatórias e de mercado.
E se o próximo passo da sua empresa é fortalecer ainda mais a governança, vale conferir nosso conteúdo sobre compliance tributário. Assim, você entende como garantir conformidade, reduzir riscos e consolidar uma gestão mais transparente, alinhada às melhores práticas internacionais.
Deixe aqui seu comentário