Cross docking: o que é, vantagens e como implementar

O cross docking é uma estratégia de distribuição que elimina a necessidade de armazenamento e agiliza a entrega dos produtos.  Com ele, você pode economizar espaço, tempo e dinheiro, além de aumentar a satisfação dos clientes.  Porém, sua implementação demanda não apenas uma infraestrutura adequada, mas também a adoção de processos e metodologias eficientes e …

Equipe TOTVS | 11 janeiro, 2024

O cross docking é uma estratégia de distribuição que elimina a necessidade de armazenamento e agiliza a entrega dos produtos. 

Com ele, você pode economizar espaço, tempo e dinheiro, além de aumentar a satisfação dos clientes. 

Porém, sua implementação demanda não apenas uma infraestrutura adequada, mas também a adoção de processos e metodologias eficientes e tecnologias de gestão modernas.

Vamos te mostrar como funciona essa estratégia, as dicas para aplicar ao seu negócio e quais soluções você pode adquirir para potencializar os benefícios.

E, então, que tal continuar nessa jornada de conhecimento? Basta seguir a leitura!

O que é o sistema cross docking?

Cross docking ou cruzamento de docas pode ser definido como uma estratégia de distribuição que muda os conceitos tradicionais de armazenamento

Nesse sistema, o cliente faz a compra no site da empresa, o pedido é enviado para um centro de distribuição (que chamaremos também de CD) e de lá sai para entrega para o cliente.

Ou seja, neste modelo todo o sistema de distribuição da empresa é envolvido no processo e ele deve seguir uma sequência de processos praticamente colados.

Assim, é possível fazer com que as entregas de produtos sejam mais rápidas e, ao mesmo tempo, economizar espaço físico.

Quando a mercadoria chega aos centros de distribuição, já existe um sistema que separa e envia as encomendas aos seus destinatários em, no máximo, 24 horas.

Como e onde surgiu o conceito?

O termo cross docking significa, na tradução, “cruzando as docas”, e seu conceito é: evitar o uso de estoque físico.

Os Estados Unidos foram os pioneiros no seu uso, caracterizando-o por descarregar vagões de trens ou caminhões e já colocar os itens em outros meios de transporte, iniciando o frete na mesma hora.

Outra característica dessa prática, que teve início nos anos 30, é o pouco (ou mesmo nenhum) espaço entre cargas.

Era uma prática que se destinava tanto para mudar o tipo de meio de transporte, classificar o material a destinos diferentes ou para combinar cargas de origens variadas mas com destinos semelhantes.

Talvez você já tenha visto em algum filme, série ou desenho animado aquelas esteiras que vão do armazém direto para o baú de um caminho.

Aquele é um exemplo de modelo de cruzamento de docas que era muito usado, especialmente na indústria estadunidense.

Como funciona uma operação cross docking?

Um dos maiores obstáculos que os varejistas enfrentam ao lidar com grandes quantidades de produtos é o seu armazenamento.

Afinal, quando um produto não está nas prateleiras da loja, ele precisa ser armazenado em algum lugar e há um custo nesse processo.

E sem um sistema eficiente de gerenciamento de estoque, você corre o risco de ficar sobrecarregado e pagar pelo armazenamento de muito estoque.

O cross docking é como uma resposta direta a esse problema.

A estratégia logística minimiza essas necessidades de armazenamento e evita o efeito chicote.

Funciona da seguinte forma:

Os fornecedores recebem os pedidos diretamente da empresa. No caso de e-commerces, são produtos já vendidos; no varejo, são mercadorias com vazão certa.

Então, os fornecedores enviam os caminhões com os produtos aos centros de distribuição da empresa.

No CD, os produtos são reembalados após passarem pelo processo próprio da organização, e imediatamente redistribuídos, sem precisar de armazenamento.

Há também casos de empresas que enviam seus próprios caminhões para buscar os produtos nas docas dos fornecedores, em seguida os levam diretamente ao CD.

Quais os 3 tipos de cross docking?

Existe mais de um tipo que pode ser implementado pela empresa e, por isso, é importante conhecê-los.

  • Movimentação contínua: as unidades de carga já são preparadas e organizadas pelo fornecedor considerando a demanda final, e a operação se resume a receber a mercadoria e enviá-la sem muita intervenção dos trabalhadores do armazém;
  • Movimentação híbrida: combina a distribuição e o envio imediato de parte da carga com o direcionamento de alguns itens ao estoque. O objetivo é que sejam combinados a outros produtos que completam o pedido do cliente;
  • Movimento de distribuição: a mercadoria deve ser manuseada para ser adaptada aos requisitos do cliente final e envolve a separação e a consolidação dos produtos de acordo com os pedidos.

Quais são os níveis do cross docking?

Dentro do CD, o procedimento também é dividido em alguns níveis. A depender da estrutura da empresa, cabe mais utilizar um ou outro.

Ele vai ditar o nível de exigência do seu processo logístico, bem como facilitar alguns aspectos, como separação e embalagem.

É essencial também que, ao estabelecer alguns desses níveis, o CD esteja preparado para lidar com a rapidez dos processos envolvidos.

Aqui, a gestão é essencial e é necessário contar com ferramentas que complementam o processo — algumas que você irá conhecer logo mais.

Por hora, entenda mais sobre os diferentes níveis do cruzamento de docas:

Cross docking paletizado: Considerado o primeiro nível, é caracterizado pelo uso de paletes para posicionar as mercadorias. Assim, do momento em que chegam ao CD, são descarregadas em paletes para então serem recarregadas em outros caminhões, sem seleção ou preparação prévia;

Cross docking com separação: no segundo nível temos o envio dos produtos ao CD feito diretamente pelos fornecedores já separados em lotes para entregas em regiões específicas;

Cross docking com separação e reembalagem: O terceiro e mais complexo nível, é bastante utilizado em empresas que necessitam integrar o processo de entrega e distribuição — como operadores logísticos. Nesse caso, ocorre a separação e a reembalagem do produto, para então realizar o envio da mercadoria ao cliente final.

Cross docking conforme o número de toques (stages)

O modelo pode ser classificado de acordo com o número de toques que os produtos recebem durante o processo de distribuição. 

Os toques – também chamados de stages – são as vezes em que os produtos são manuseados pelos operadores logísticos. 

Quanto menor o número de toques, maior a eficiência e a agilidade do cruzamento de docas.

Existem três tipos principais baseados  no número de stages:

Um toque

Esse tipo é o mais simples e rápido, onde os produtos são recebidos em um armazém e imediatamente transferidos para os veículos de entrega.

Não passam por nenhum tipo de separação ou consolidação. Esse tipo é indicado para produtos padronizados, de alta demanda e baixo valor agregado.

Dois toques

Esse não é o mais simples, porém é o mais comum. 

Nele os produtos são recebidos em um armazém e passam por uma separação por pedido ou por região, antes de serem despachados para a entrega. 

Produtos variados e com demandas médias cabem nesse modelo para maior eficiência na distribuição.

Três toques

Aqui os produtos são recebidos em um armazém e passam por uma separação por pedido ou por região, depois por uma consolidação com outros produtos complementares.

Depois disso são finalmente despachados para os veículos de entrega.

São ideais para transportes de cargas personalizadas, de alto valor agregado, que portanto demandam um cuidado maior com a qualidade.

Geralmente esse tipo de mercadoria tem uma tolerância maior quanto ao tempo de entrega por seus consumidores.

Critérios de classificação do fluxo das cargas dentro do terminal

O fluxo das cargas dentro do terminal de cruzamento pode ser classificado de acordo com diferentes critérios.

A divisão acompanha a forma em que as mercadorias serão recebidas, separadas e despachadas.

Alguns dos critérios mais comuns são:

  • Número de toques: Os stages que citamos são critérios importantes para fazer a avaliação mais precisa das cargas.
  • Cargas que demandam menos toques devem estar em um fluxo mais ágil do que aquelas de maior valor agregado, que precisam de maior atenção ao manuseio.
  • Padrão de chegada: Os critérios nesse caso consideram as etapas inbound e outbound para estabelecer padrões de chegada dos caminhões.
  • É muito importante que haja um horário definido para o recebimento de produtos que vêm dos fornecedores (inbound) e para o despacho até o cliente (outbound).
  • Isso vai permitir que seja estabelecido um fluxo de carga e descarga mais adequado ao padrão da metodologia de cruzamento de docas.
  • Permutabilidade: São produtos de diferentes fabricações mas que cumprem exatamente as mesmas funções e têm características muito semelhantes.

Tê-los bem mapeados favorece a intercambialidade entre eles, sem que isso cause a insatisfação dos clientes.

Vemos isso com maior frequência em fornecedores, uma vez que na etapa de matérias primas, a substituição de um insumo é mais simples do que para o cliente final.

Tipo de consolidação: Refere-se à forma como as mercadorias são agrupadas para serem enviadas aos clientes. Uma consolidação eficiente facilita, por exemplo, o processo de picking baseado nos critérios de organização.

O gesto pode consolidar as mercadorias por pedido, por região ou por produto, e essa escolha depende da natureza de cada operação.

Principais vantagens de implementar esse sistema de distribuição

Um sistema de distribuição baseado no cross docking pode trazer diversas vantagens para a sua empresa, tanto em termos de eficiência quanto de economia.

 Veja a seguir alguns dos principais benefícios de implementar esse sistema de distribuição:

  • Redução de custos com estoque: elimina a necessidade de armazenar os produtos, você reduz os gastos com aluguel, energia, segurança, manutenção e impostos;
  • Maior agilidade na movimentação de mercadorias: diminui o tempo entre a recepção e o envio dos produtos, acelera o fluxo de mercadorias e aumenta a capacidade de atendimento dos pedidos;
  • Não há falta de mercadoria: sincroniza a demanda dos clientes com a oferta dos fornecedores, você evita o problema de ruptura de estoque, que pode gerar insatisfação e perda de vendas;
  • Eliminação dos índices de falhas: simplifica os processos de distribuição, você reduz as chances de erros humanos ou operacionais, que podem causar atrasos, extravios, danos ou devoluções dos produtos;
  • Aumento do controle: integra os sistemas de informação dos fornecedores, da empresa e dos clientes, você melhora o gerenciamento de dados e a tomada de decisão.

E as desvantagens do cross docking?

Primeiramente, é um método que vai demandar investimentos em infraestrutura, tecnologia e mão de obra de qualidade.

O sucesso da operação nesse modelo depende do fluxo contínuo de mercadorias, portanto a gestão precisa ser muito precisa.

Além disso, os setores da empresa, bem como seus fornecedores e parceiros, precisam estar integrados a fim de evitar atrasos, erros ou rupturas na cadeia de suprimentos.

Demanda também um planejamento e controle rigoroso da demanda, dos estoques e dos pedidos, para evitar excessos ou faltas de produtos.

Por fim, o modelo limita a negociação de preços e condições com fornecedores, além de gerar custos adicionais em caso de aumento de viagens.

Cross docking e dropshipping são a mesma coisa?

Na prática não, porém possuem algumas similaridades que justificam essa confusão.

Embora ambos sejam modelos logísticos que visam a reduzir ou eliminar a necessidade de armazenar os produtos em estoque, eles apresentam diferenças importantes. 

O cruzamento de docas demanda um espaço de armazenagem, mesmo que este seja usado por um período muito breve.

Já no dropshipping, a empresa que vende não tem estoque nenhum, uma vez que trabalha com mercadorias de terceiros.

Portanto, no modelo de dropshipping, quem faz a venda não faz armazenagem, porém a empresa proprietária do produto precisa estocá-lo em algum lugar.

Nada impede que o fornecedor do produto faça a distribuição com a metodologia de cruzamento de docas, mesmo que a venda tenha sido feita por um parceiro na modalidade dropshipping.

Para ilustrar, imagine que Leonardo tem um site que vende mouses para gamers da marca fictícia Top Player.

Leonardo utiliza o modelo dropshipping, então, quando seu cliente adquire um mouse, ele expede o pedido para que a fabricante Top Player se encarregue da distribuição.

Nesse modelo, Leonardo não tem custos com armazenagem, transporte e afins, porém não terá o lucro total da venda do produto.

Com isso em mente, a forma que a Top Player fará essa entrega, pode muito bem ser no modelo cross docking.

Como implementar o cross docking em seu negócio?

Para esse sistema dar certo, é importante ter eficiência na sincronização de pedidos recebidos e solicitações feitas aos fornecedores como já mencionamos.

Contudo, só isso não basta. É preciso ter controle do fluxo das mercadorias e das informações trocadas com os seus parceiros.

Veja algumas dicas essenciais para implementar com eficiência:

1. Invista em um sistema de gerenciamento

É indicado contar com um sistema de gerenciamento com um módulo logístico. Essa solução possibilita coordenar e estruturar os dados desses processos.

Esse software ERP ajuda a registrar informações sobre quando as cargas serão recebidas, qual é o destino delas, qual é o número de pacotes etc.

Isso auxilia no bom planejamento das operações.

Esse sistema de gestão também agrupa e sintetiza as informações entre os vários setores do cross docking, como o departamento de compras e o de transporte.

2. Treine sua equipe

É fundamental treinar a equipe para conseguir lidar com as demandas.

Afinal, a implantação do modelo pode alterar profundamente o funcionamento da cadeia de suprimentos.

Deste modo podem exigir competências e habilidades diferentes das necessárias atualmente de seu quadro de colaboradores.

3. Invista em um centro de distribuição

Esse é o lugar em que os produtos chegarão dos fornecedores para serem reorganizados e enviados aos clientes.

Para isso, é possível procurar um parceiro que possa disponibilizar um CD ou um espaço dele.

Inclusive, dá para buscar uma transportadora especializada que tenha um centro de distribuição.

Nesse caso, verifique se ela trabalha com cross docking, de modo a ter a expertise necessária para lidar com esse sistema.

Esse tipo de experiência pode ser vantajosa para o seu negócio.

4. Tenha bons fornecedores

Não se esqueça que sua carteira de fornecedores deve ser impecável, com parceiros que viabilizem mercadorias no momento que você necessitar delas.

O cross docking é um método incrível para modernizar a logística, mas como todo processo dentro do supply chain, exige comprometimento e qualidade.

A facilidade de negociação também é um bônus a se considerar!

5. Monitore os resultados

Em qualquer ambiente corporativo, o sucesso é uma questão de qualidade da gestão. No caso da implementação do cruzamento de docas, esse fator é essencial.

Por isso, o monitoramento contínuo de resultados e de performance é essencial para lapidar sua estratégia e otimizar processos logísticos

Assim, é possível alcançar os objetivos do negócio!

Exemplos de empresas que utilizam o cross docking

Além da já citada Walmart, que utiliza o modelo desde da década de 1980, há outras empresas de sucesso que também fazem o cruzamento de docas.

A seguir vamos acompanhar alguns exemplos.

Mercado Livre

Não por acaso, o maior marketplace da América Latina utiliza o método na sua estrutura distributiva.

Por meio de vários CDs espalhados pelo Brasil, a empresa consegue agilizar suas entregas em níveis incomparáveis.

Alguns produtos oferecem o same day delivery, sem custar mais por isso, devido ao despacho ágil que só é possível pelo estrutura de cross docking criada

Roche Diagnostics

A empresa farmacêutica líder em soluções para o diagnóstico in vitro e hematologia usa cruzamento de docas para otimizar o envio dos seus produtos perecíveis. 

A Roche Diagnostics tem um centro de distribuição automatizado na Espanha, onde recebe, prepara e despacha os pedidos em até 24 horas.

Para itens dessa natureza, sem dúvidas é a opção mais adequada e a companhia faz a gestão de maneira muito eficiente.

Eroski

Outra companhia espanhola que tem muito sucesso utilizando a metodologia é a Eroski.

Opera no setor alimentício e tem como característica o fornecimento de produtos frescos e de qualidade.

Por meio do modelo de cross docking, a empresa consegue distribuir suas mercadorias para que cheguem nos pontos de venda no mesmo dia.

Suíte Logística da TOTVS

A melhor forma de aplicar a estratégia de cross docking na sua operação logística é contar com a Suíte Logística da TOTVS, 

Uma solução completa e integrada que oferece tecnologia e eficiência para o seu negócio e permite:

  • Gerenciar todo o processo de distribuição, desde o recebimento até a entrega dos produtos, com sistemas especializados para cada etapa;
  • Automatizar e otimizar o fluxo de mercadorias, reduzindo o tempo de movimentação e o espaço de armazenagem;
  • Controlar e monitorar a qualidade, a segurança e a rastreabilidade dos produtos, evitando perdas e danos;
  • Integrar os sistemas de informação dos fornecedores, da empresa e dos clientes, facilitando a comunicação e a tomada de decisão;
  • Aumentar a satisfação e a fidelização dos clientes, entregando os produtos com mais rapidez e precisão.

A Suíte Logística da TOTVS é composta por plataformas SaaS, modernas e intuitivas, que atendem as demandas de embarcadores, transportadores e operadores logísticos.

Confira todos os detalhes da Suíte Logística da TOTVS e veja como ela pode ajudar o seu negócio.

Conclusão

O cross docking é um método inovador, e bastante utilizado, para agilizar suas operações logísticas.

Para empresas que buscam utilizá-lo, é sempre bom ter em mente a importância do planejamento, bem como a gestão do supply chain.

Apenas assim é possível ter sucesso em sua implementação, que depende também da tecnologia para integrar cada etapa e dar maior poder de controle à empresa.

Seu negócio está preparado para o cross docking? Esperamos que esse conteúdo guie boas decisões para sua organização! Leia também sobre o que é cabotagem e seus benefícios.

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