Para obter uma boa gestão de estoque, é importante manter os custos de armazenagem sob controle, além de reduzi-los ao máximo. Nesse caso, é preciso tomar algumas medidas, como melhorar a rotatividade de produtos e diminuir o volume de materiais parado.
Aliás, de acordo com o estudo Sondagem Industrial — Agosto de 2018, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), houve um acúmulo de estoque indesejado de produtos finais nos meses iniciais do segundo semestre de 2018.
De junho para julho, o índice de evolução dos estoques, que varia de 0 a 100, alcançou 50,4 pontos, enquanto de julho para agosto chegou a 50,9.
Isso significa que houve dois meses de elevação do estoque indesejado em uma época em que a atividade, normalmente, deveria ser mais forte.
Esse tipo de estagnação pode gerar custos extras, encarecendo a armazenagem dos produtos e, por extensão, os custos da cadeia logística. Esses, por sinal, corresponderam a 12,37% do faturamento bruto das empresas no ano de 2017, conforme pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral.
Sendo assim, é importante buscar meios de reduzir esses gastos. Para isso, é preciso, antes, aprender a calculá-los. Se quiser saber como isso é feito, continue lendo e veja o que preparamos!
O que é custo de armazenagem?
Para realizar um bom controle de estoques, é fundamental saber o seu custo de armazenagem, que é composto por diferentes contas, como:
- aluguel;
- energia elétrica;
- depreciação de equipamentos;
- impostos do local, como IPTU;
- contratos de segurança;
- seguros;
- itens usados para acondicionar as mercadorias — entre eles paletes, estantes, mesas, prateleiras e refrigeradores no caso de bens perecíveis;
- remuneração e benefícios da mão de obra etc.
Quando juntamos esses itens, podemos perceber que o custo de armazenagem corresponde a todos os gastos que a empresa tem para manter os seus produtos em centros de distribuição, armazéns, almoxarifados etc.
Também é preciso considerar o período de tempo em que isso ocorre e os esforços de colaboradores para manter e transportar as mercadorias em boas condições.
Além disso, é preciso lembrar que a armazenagem consome espaço, pode danificar produtos, requer transporte de itens pela indústria etc. Outros aspectos que impactam financeiramente o estoque são as perdas por:
- quebras;
- extravios;
- vencimentos de prazos de validade;
- obsolência.
Por que é importante fazer esse cálculo?
Todos os fatores acima devem ser consideradores na precificação dos produtos a serem vendidos, para que o custo geral de armazenagem seja pago sem que impacte negativamente os lucros.
Todavia, quando os gastos com armazenamento são elevados, é preciso cuidado para não repassá-los integralmente nos preços dos produtos, sob risco de praticar valores maiores do que a concorrência e, assim, “afugentar” clientes.
Nesse caso, a solução é reduzir esses gastos. Logo, o valor do produto final poderá ser mantido em um nível competitivo, já que, para ser estocado, não será necessário arcar com custos tão elevados.
Também é importante saber qual é o seu custo de armazenagem, com o intuito de descobrir a rentabilidade geral da área, buscar melhorias e entender quais fatores afetam mais ou menos o seu custo unitário de estoque.
Como calculá-lo?
Existem vários tipos de gastos que integram o custo de armazenagem, como listado acima. Para identificá-los, é necessário ficar atento àqueles que são gerados pela produção que não é comercializada e se acumula no estoque.
Além disso, você precisará especificar um intervalo de tempo para calcular os gastos nesse período e estabelecer um critério de comparação.
Afinal, há o custo de armazenagem por metro quadrado, o por unidade que foi mantida no armazém, o geral relacionado a todas as vendas etc. Para tornar mais claro, precisamos levantar alguns dados para um exemplo:
- o tamanho do depósito de armazenamento. Digamos que a sua medida seja de 10m x 10m, o que dá 100 m²;
- o prazo a ser considerado no cálculo. Nesse caso, usaremos 1 ano;
- o valor de despesas/custos no armazém, o que inclui os itens mencionados no primeiro tópico, como salários, energia elétrica, aluguel etc. Você encontrará essas informações em demonstrativos contábeis e documentos de controle gerencial. Digamos que tudo deu R$200.000,00 em um ano. Isso já é o custo de armazenamento total;
- a quantidade de produtos vendida no ano e o número de itens armazenados no momento, para saber quantos produtos foram alojados no estoque. No nosso caso, digamos que houve 3.000 itens comercializados e ainda há 2.000 estocados, totalizando 5.000 mercadorias armazenadas em um ano.
Com esses dados, podemos dividir o gasto total pelo tamanho do depósito. Nesse caso, teremos R$2.000,00, que corresponde ao custo de armazenagem por metro quadrado.
Se dividirmos os R$200.000,00 pelos 5.000 itens estocados, teremos um custo de armazenagem unitário de R$40,00.
Como otimizar esse cálculo com a ajuda da tecnologia?
Para melhorar o cálculo de seu custo de armazenamento e otimizar o seu controle, a dica é adotar uma solução ERP que tenha um bom módulo de gestão de estoques.
Com esse sistema, será possível monitorar, em tempo real, cada item do almoxarifado e ainda obter indicadores rapidamente, como:
- o tempo em que cada mercadoria está armazenada;
- a quantidade de quebras;
- o volume do estoque etc.
Essas métricas são essenciais para a diminuição de custos de estocagem, pois fornecem dados valiosos para a tomada de decisão dos gestores de compras, de transporte e de toda a cadeia logística.
Como reduzir o custo de armazenagem?
Existem ações que você pode implantar na sua empresa para reduzir o custo de armazenagem. Veja algumas:
Gerenciar os níveis de estoque
É importante manter os níveis de estoque sob controle, isto é, com margens mínimas e máximas de produtos. Dessa forma, você evita encalhes e situações em que a indústria produz mais do que a capacidade de absorção de mercadorias do mercado.
Para tanto, será preciso combinar gestão de matéria-prima e de compras, além de integrar o gerenciamento de vendas e o de transporte.
Esses setores devem trocar informações e manter uma boa comunicação, para que não se compre insumos acima do necessário em épocas de poucas vendas.
Afinal, produtos encalhados tendem a gerar mais custos com armazenamento, mão de obra e refrigeração (no caso dos perecíveis). Também aumentam as chances de prejuízos devido a perdas, obsolência e quebras.
Reduzir o lead time
Lead time pode ser traduzido para “tempo de espera”. No caso do armazenamento de produtos, isso significa o período em que o estoque fica na empresa, isto é, o seu ciclo.
Para conseguir reduzir custos na área, é importante que esse ciclo seja curto, ou seja, que o intervalo entre o recebimento de matérias-primas, a produção e a venda/envio de mercadorias seja rápido.
Mas lembre-se: esse período usa a data de quando, efetivamente, o insumo chegou no estoque (e não o dia da sua compra) e a data em que ele saiu da empresa (e não a da sua venda).
Estratégias que ajudam nisso são as liquidações e as ofertas, pois incentivam a demanda. Caso não seja possível realizar ações promocionais, uma das soluções será reduzir a produção até que os estoques existentes sejam “queimados”.
Otimizar o armazenamento
Existem formas de otimizar o armazenamento de produtos e promover a redução de custos na área. Por exemplo, ao estabelecer mecanismos de:
- rotatividade de estoques: como o “primeiro que entra, primeiro que sai (PEPS)”. Esse é importante em indústrias que produzem alimentos e itens com prazos de vencimento menores. Nesse caso, os primeiros produtos que são armazenados também são os primeiros que devem ser comercializados;
- endereçamento logístico: consiste em identificar prateleiras, corredores, módulos, colunas, níveis, sequências etc. como se fossem ruas, casas, andares e outros elementos urbanos. Essa estratégia ajuda na localização e na movimentação de produtos, reduzindo a perda de tempo nas buscas;
- priorização de mercadorias com maior saída: os produtos que mais vendem passam a compor a maioria do estoque. Isso diminui as chances de encalhe;
- produção baseada em sazonalidade: em épocas de menor vendas, fabrica-se menos e, consequentemente, estoca-se menos.
Ao aplicar as dicas acima, você não só poderá diminuir custos de armazenagem, como também beneficiará o gerenciamento da cadeia de suprimentos do seu negócio.
Isso porque as medidas descritas também otimizam outros processos, por exemplo, agilizando a movimentação de mercadorias dentro da companhia e aumentando o controle de cada item presente no almoxarifado.
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