Contratar, engajar e entender a geração Z no mercado de trabalho pode ser um desafio para as empresas. Jovens entre 18 e 24 anos, por exemplo, ficam cerca de 9 meses em um emprego – enquanto a média das demais gerações é de 2 anos.
Esse dado, divulgado pela Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito), revela uma geração aberta a mudanças e com menor apego a vínculos profissionais.
Na prática, essas características podem ser positivas para a inovação, mas também exigem novas estratégias no ambiente corporativo.
Para alinhar as expectativas dos jovens à realidade do mercado, preparamos um conteúdo que vai falar sobre as características da Gen Z, seus comportamentos profissionais e como lidar com esses talentos de forma estratégica.
É só seguir a leitura para saber mais!
Quem é a geração Z?
A geração Z, também conhecida como Gen Z, inclui pessoas nascidas entre 1996 e 2010. Conhecidas por serem nativos digitais, elas cresceram em um mundo conectado à internet, com smartphones, redes sociais e tecnologia já integradas ao cotidiano.
Ao contrário da geração anterior, esse grupo não acompanhou a chegada dessas tecnologias: elas estavam disponíveis e acessíveis para eles desde o início.
Isso é um dos principais fatores que moldaram o comportamento da Gen Z, desde a sua forma de consumir conteúdos até sua relação com o mundo profissional.
Quais as características da geração Z?
Além da relação intensa com a tecnologia, a geração Z é caracterizada pela busca por propósito nas escolhas em diferentes contextos (como profissional e de consumo) e por sua postura mais crítica diante de padrões estabelecidos pela sociedade.
Em geral, esse grupo engloba jovens com perfil mais questionador, que valorizam a diversidade e a liberdade de expressão.
Outras características que se destacam são:
- Autonomia e desejo pela liberdade de escolha;
- Senso de imediatismo, que preza pela agilidade;
- Valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Maior flexibilidade, com abertura e facilidade para mudanças;
- Maior consciência social, com interesse por temas como diversidade, inclusão e sustentabilidade.
O que diferencia a geração Z das outras gerações?
Por crescer em um ambiente hiperconectado, a geração Z se diferencia das anteriores na maneira de se comunicar, aprender, consumir e trabalhar.
As gerações são moldadas por diferentes contextos históricos, transformações sociais e avanços tecnológicos. Por isso, é natural que cada uma tenha sua própria forma de enxergar o mundo – e estilos de vida distintos.
Os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e a geração X (1965 a 1980) viveram períodos marcados pela priorização da estabilidade, adaptação às tecnologias e fortes mudanças políticas.
Em um cenário pós-guerra e, no Brasil, pós ditadura militar, o foco dessas gerações ficou na busca por melhores condições de vida e estabilidade financeira.
Por isso, a carreira longa e a construção de uma família se desenharam como metas importantes para esse grupo.
Com os millennials (nascidos entre 1981 e 1995), esse cenário começou a mudar.
Eles foram os primeiros a experimentar a transição para o mundo digital e já apresentam características mais próximas à geração Z, como a flexibilidade, a preocupação socioambiental e a familiaridade com a tecnologia.
A busca por aprendizado contínuo, propósito, experiências e ambientes colaborativos são fatores que caracterizam os millennials.
Confira algumas diferenças das gerações anteriores quando comparadas aos Gen Z:
- Tecnologia: a geração Z nunca viveu sem internet, enquanto os mais velhos precisaram se adaptar a internet, as redes sociais e aos smartphones;
- Consumo: com forte senso social, pessoas nascidas na geração Z (e millennials também) tendem a buscar marcas alinhadas a seus valores sociais e ambientais, algo que não era uma prioridade em gerações anteriores;
- Aprendizado: com a internet, a Gen Z ganhou um vasto acervo de informações disponíveis a um clique de distância, o que torna esse grupo autodidata e interessado em explorar múltiplos canais de conhecimento;
- Comunicação: é uma geração mais imediatista e acostumada a acessibilidade, por isso, tende a preferir mensagens curtas, diretas e instantâneas. Gerações anteriores, como os baby boomers, valorizam mais e-mails, reuniões e telefonemas;
- Relação com a informação: a hiperconectividade favorece o perfil multitarefa e a rápida absorção de informações por parte da geração Z. Por outro lado, traz o excesso de estímulos, que pode gerar ansiedade — outra característica comum desse grupo.
Em entrevista ao podcast Antes Tech do que Nunca, da TOTVS, Fabiana Correa, jornalista especializada em carreira e mentora de executivas e empreendedoras, fala sobre como essa ansiedade pode ter um impacto negativo no desenvolvimento da resiliência.
“Eu sempre faço a relação com a viagem de carro quando eu era criança: eu perguntava ‘já chegou’ várias vezes ao longo do percurso. Hoje, os jovens ou as crianças vão assistindo um vídeo ou jogando no celular e nem percebem essa passagem do tempo”, ilustra.
“Acontece que na internet e no celular esse tempo não existe e, quando existe, estamos distraídos. Então acho que tem essa falta de estar acostumado com a passagem do tempo, a sentir tédio”, completa Fabiana.
Todas essas diferenças, claro, se refletem no comportamento da geração Z no mercado de trabalho.
Como a geração Z se comporta no mercado de trabalho?
O comportamento da geração Z no mercado de trabalho é um reflexo da vivência em um mundo digital e hiperconectado. Esses profissionais tendem a valorizar ambientes mais dinâmicos, colaborativos e flexíveis, onde podem crescer com autonomia e propósito.
Mais do que bons salários, a Gen Z busca significado nas atividades que executa, sem se deixar definir apenas pelo trabalho — diferentemente dos millennials, por exemplo, que enxergam o trabalho como identidade e um meio para realizar propósitos.
Um estudo da Deloitte comprova essa diferença: enquanto quase 50% dos millennials participantes citaram o trabalho como fator central da sua identidade, apenas 36% da Gen Z disse o mesmo.
Isso se reflete em outra característica importante dos centennials: a priorização da qualidade de vida fora do expediente.
Segundo uma pesquisa realizada pela Caju, em parceria com a Consumoteca, 84% dos profissionais da geração Z consideram a estabilidade financeira uma prioridade, enquanto 56% afirmam que pediriam demissão se o trabalho afetasse a vida pessoal.
Os dados reforçam essa busca constante por equilíbrio entre vida pessoal e profissional, marca registrada desse grupo.
Alinhado a este ponto, os profissionais desta geração também são conhecidos por buscar empresas alinhadas aos seus valores pessoais.
O estudo da Deloitte mostra que 44% dos entrevistados já rejeitaram uma organização com base em sua ética e crenças pessoais, e 50% já negaram tarefas e projetos pelos mesmos motivos.
Além do forte posicionamento em relação a seus valores, outro comportamento notável é o senso de urgência.
Juliana Furtado Hadad, sócia do Stark Bank e uma das pessoas que figurou na lista da Forbes Under30 em 2023, destacou isso durante o episódio do podcast Antes Tech do que Nunca, no qual participou ao lado de Fabiana Correa.
“Uma coisa que me chama atenção, talvez mais para o negativo da geração Z, é o imediatismo. É uma geração muito mais imediatista, que demanda mudanças muito mais rápidas”, explica.
“Por exemplo, em uma área comercial, o cliente consegue perceber graus de senioridade distintos na forma como a pessoa se comunica: quanto mais novo, mais imediatista, maior o senso de urgência”, complementa.
Na prática, o imediatismo, junto a outros fatores comportamentais, podem trazer algumas dificuldades para a geração Z no ambiente de trabalho.
Dificuldades da geração Z no mercado de trabalho
A presença da geração Z no mercado de trabalho tem incentivado movimentações importantes, mas também tem revelado alguns desafios enfrentados por esses jovens profissionais.
Uma das principais dificuldades é o alinhamento de expectativas à realidade das empresas, especialmente daquelas com estruturas mais tradicionais.
Como nativos digitais acostumados a mudanças e interações rápidas, muitos dos centennials precisam se adaptar a processos de ambientes corporativos que, muitas vezes, exigem tempo e paciência.
Outros desafios comuns são:
- Adaptação a ambientes hierárquicos e pouco flexíveis;
- Gestão da ansiedade e da pressão por resultados rápidos;
- Necessidade de feedbacks constantes e reconhecimento rápido;
- Comunicação com lideranças e profissionais de outras gerações.
Como lidar com a geração Z no mercado de trabalho?
Em pesquisa da GPTW (Great Place to Work), 76% das empresas destacaram a geração Z como a mais desafiadora no contexto da gestão de pessoas.
Para 59% dessas organizações, o principal ponto de dificuldade é a falta de comprometimento com o trabalho.
Uma das consequências é o movimento de “pular” de um emprego para outro com frequência, destacado pela Contec e mencionado logo no inicio deste conteúdo — que até já foi batizado como job hopping.
Carlos Henrique Mencaci, presidente da Abres (Associação Brasileira de Estágios), destacou, em conteúdo divulgado pela associação, que esse desafio não significa, necessariamente, que a geração Z não esteja comprometida com o trabalho.
“A dificuldade de gerir a Gen Z vem, em muitos casos, da mentalidade da geração. Isso porque eles interpretam a carreira de uma maneira diferente, tentam romper padrões estabelecidos anteriormente, hoje, considerados antiquados ou obsoletos”, argumenta.
Esses comportamentos, embora desafiadores para lideranças mais tradicionais, também impulsionam transformações positivas, como a adoção de estruturas mais horizontais, o foco em resultados e a valorização do bem-estar no ambiente corporativo.
Confira algumas dicas para lidar com esses profissionais mais jovens, tornar a gestão de pessoas mais estratégica e aproveitar todo o potencial da geração Z no mercado de trabalho:
- Estimular a autonomia e a participação em decisões;
- Oferecer oportunidades de desenvolvimento contínuo;
- Promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Trabalhar com feedbacks constantes, diálogos abertos e conversas francas;
- Investir em tecnologias que favoreçam produtividade, colaboração e agilidade;
- Incentivar a troca de experiências entre profissionais de diferentes áreas e gerações.
Como amenizar o conflito entre gerações no mercado de trabalho?
O convívio entre diferentes gerações no ambiente corporativo é inevitável e pode ser muito enriquecedor quando conduzido da maneira correta.
A diversidade etária agrega diferentes pontos de vista no trabalho, além de incentivar a troca de experiências e conhecimentos.
Para Juliana Hadad, essa troca ajuda os profissionais mais jovens a desenvolver a paciência e a resiliência.
“É muito mais difícil para geração Z conseguir construir uma estrutura muito sólida, por isso, considero muito benéfico para essa geração estar perto de várias pessoas de várias idades. Quanto maior a variedade, maior a chance de aprendizado”, argumenta.
“É uma relação mais leve [com a geração Z], com mais espaço para troca. Eles trazem muita coisa nova e as pessoas mais velhas trazem experiência e as coisas se unem muito bem”, complementa Fabiana Correa.
No entanto, é comum que haja ruídos de comunicação e divergências de valores entre profissionais de idades diferentes. Algumas maneiras de lidar com isso incluem:
- Oferta de treinamentos de soft skills, como comunicação interpessoal e gestão de conflitos;
- Estabelecimento de lideranças inclusivas, que reconhecem e valorizam a diversidade geracional;
- Promoção de programas de mentoria reversa para incentivar a troca de conhecimentos entre diferentes gerações;
- Incentivo a escuta ativa, a partir de uma cultura organizacional que prioriza espaços seguros para que todos possam se expressar.
Sistemas TOTVS para RH
Atrair, desenvolver e reter talentos de diferentes gerações exige uma gestão de pessoas estratégica. Os sistemas TOTVS para RH atendem a esse desafio, apoiando desde o recrutamento até o desenvolvimento desses profissionais.
As soluções trazem tecnologias completas com recursos de automação, people analytics, ponto eletrônico e experiência do colaborador – tudo que a sua empresa precisa para uma gestão inteligente e flexível.
De maneira centralizada, os sistemas permitem personalizar jornadas, entender comportamentos e tomar decisões assertivas, o que contribui diretamente para aumentar o engajamento e a produtividade em equipes diversas.
Torne a gestão de pessoas mais estratégica com os sistemas TOTVS para RH!
Conclusão
O impacto da presença da geração Z no mercado de trabalho é inquestionável.
Com uma nova visão sobre carreira e comportamentos bem diferentes das gerações anteriores, esses profissionais desafiam modelos tradicionais e fazem as empresas se movimentarem rumo a novas estruturas.
Muito além de adaptar processos, é necessário construir uma cultura que valorize a escuta, a flexibilidade e o protagonismo do colaborador – pilares inegociáveis para a Gen Z.
Os desafios da diferença geracional, quando bem trabalhados, tornam-se grandes oportunidades de crescimento para a empresa.
Quer continuar aprendendo? Então aproveite para conferir nosso conteúdo sobre diversidade nas empresas.
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