Saúde mental: qual a sua importância e como promover nas empresas

Escrito por Equipe TOTVS
Última atualização em 09 outubro, 2024

Refletir o conceito e aspectos relacionados à saúde mental tem se tornado uma prática cada vez mais relevante nas empresas, especialmente diante dos desafios modernos que impactam o bem-estar dos colaboradores.

Conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental vai além da ausência de doenças ou de quadros de sofrimento mental. De fato, o bem-estar mental representa um estado de equilíbrio emocional que permite ao indivíduo enfrentar as adversidades cotidianas de forma saudável.

No ambiente corporativo, o estresse, a depressão e a síndrome de Burnout estão entre os transtornos mais comuns, afetando tanto a produtividade quanto o clima organizacional. Neste sentido, a promoção da saúde mental nas empresas é essencial para garantir um ambiente de trabalho mais saudável, inclusivo e produtivo.

Neste artigo, exploraremos a importância da saúde mental no ambiente de trabalho e discutiremos estratégias que as empresas podem adotar para promover o bem-estar de seus colaboradores.

Continue no artigo e tenha uma ótima leitura!

Qual é o conceito de saúde mental?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde mental como um “estado de bem-estar mental que permite às pessoas lidar com os estresses da vida, perceber suas habilidades, aprender bem, trabalhar bem e contribuir para a sua comunidade”.

Para a OMS, este estado é um componente crucial para o bem-estar do indivíduo, representando um direito humano básico crucial ao desenvolvimento comunitário, econômico e social.

Entretanto, para a organização, o conceito de saúde e bem-estar mental implica questões que ultrapassam a presença de condições ou distúrbios específicos. Isto é, em uma perspectiva integrativa e ampla que compreende o sofrimento como uma característica individual em diversos graus de manifestação.

Ao longo da vida de um indivíduo, a exposição a condições sociais, geopolíticas, econômicas e ambientais, assim como aspectos fisiológicos do ser, impactam no desenvolvimento de condições de sofrimento.

Portanto, é necessária uma atenção contínua e próxima de modo a identificar circunstâncias individuais e contextuais com capacidade de impactar negativamente a saúde e bem-estar mental de indivíduos e coletivos, agindo de maneira proativa na prevenção e tratamento.

Aspectos como a implementação de políticas públicas dedicadas à saúde mental, com serviços de saúde específicos, assim como a oferta de cuidados integrais realizados por equipes especializadas é crucial.

A despeito da OMS se dirigir especificamente ao contexto dos governos nacionais, refletindo a importância da definição e efetividade de políticas setoriais em saúde, a premissa de prevenção de quadros de sofrimento mental e promoção das ações de cuidados também se aplicam ao contexto da iniciativa privada.

Neste sentido, em 2024, o Governo brasileiro promulgou a Lei n°14.831/2024 destinada à instituição do Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, uma iniciativa orientada à promoção de programas e medidas destinadas à saúde e bem-estar no contexto empresarial.

Mas, quais são as principais e mais recorrentes condições que afetam a saúde mental?

Quais são as principais condições e distúrbios em saúde mental?

A Universidade Federal de Minas Gerais, por meio de seu centro especializado em Saúde Mental, define cinco grandes condições, distúrbios e patologias que impactam o bem-estar do indivíduo:

  • Depressão
  • Estresse
  • Ansiedade
  • Psicoses
  • Esquizofrenia
  • Síndrome de Burnout

Confira a seguir as características gerais, implicações e dados estatísticos destes quadros de sofrimento mental.

Depressão

A depressão tem se tornado cada vez mais comum, com um aumento de 18,4% globalmente entre 2005 e 2015, de acordo com a OMS. No Brasil, 5,8% da população é afetada. Sintomas comuns incluem desânimo, vazio e inutilidade.

O fenômeno não é apenas individual, mas social, refletindo pressões e demandas culturais de sucesso e felicidade.

A sociedade moderna exacerba esses sentimentos com cobranças por produtividade e felicidade constante. A depressão, assim, pode ser entendida como uma manifestação do mal-estar social, agravada pela falta de empatia e aceitação dos desafios emocionais.

Estresse

O estresse é uma resposta natural aos desafios, mas quando excessivo pode gerar sérios problemas de saúde. De fato, por dados da OMS, o estresse é uma condição que afeta mais de 90% da população mundial, agravada por fatores como trânsito, excesso de trabalho e ambientes familiares desfavoráveis.

O estresse moderado pode ser positivo, motivando a ação, mas o excesso provoca desequilíbrio no organismo, afetando tanto o corpo quanto a mente, desencadeando uma série de distúrbios físicos e emocionais, incluindo doenças graves, quando não controlado adequadamente.

Ansiedade

A ansiedade afeta 264 milhões de pessoas globalmente, sendo o Brasil um dos países mais impactados, com 9,3% da população sofrendo desse transtorno.

Caracteriza-se por sentimentos vagos de medo e apreensão que podem interferir nas funções cotidianas. A ansiedade patológica pode se manifestar em diversas formas, como fobias e ataques de pânico, implicando também em sensação de julgamento social e a busca incessante por sucesso e perfeição.

Loucura e Psicoses

A concepção de loucura evoluiu ao longo da história, desde visões mitológicas até enfoques científicos. Com o avanço da medicina no século XIX, a loucura tornou-se uma questão médica, levando à criação do conceito de transtorno mental.

Neste sentido, a psicose representa a classificação científica dos quadros de sofrimento mental vivenciados por pessoas acometidas por delírios, alucinações ou alterações da consciência e percepção de si.

Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma psicose caracterizada por distorções no pensamento, emoções e percepção, com sintomas como alucinações e delírios. Pessoas diagnosticadas enfrentam estigmas, discriminação e, em crises, também apresentam grande sofrimento ao lidar com essas percepções distorcidas.

Crises podem causar agitação e desorganização psíquica, deixando a pessoa confusa e assustada. A abordagem durante uma crise deve ser calma, preferencialmente por alguém de confiança.

Síndrome de Burnout

A Síndrome de Burnout representa o esgotamento emocional e físico devido ao estresse prolongado no trabalho, resultando em exaustão, despersonalização e baixa realização profissional.

Trabalhadores afetados sentem-se incapazes de lidar com demandas e desconectados emocionalmente, comprometendo a produtividade.

Por isso, a Burnout é compreendida como uma questão de saúde pública que afeta tanto a saúde mental quanto o desempenho organizacional. Mudanças no ambiente de trabalho, autocuidado e sensibilização de gestores são essenciais para prevenir e tratar a Burnout, promovendo bem-estar e equilíbrio profissional.

A importância da saúde mental

A saúde mental é um componente fundamental para o bem-estar humano, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desse modo, ultrapassa aspectos como a ausência de transtornos mentais, contemplando um estado de equilíbrio emocional que permite às pessoas enfrentarem os desafios da vida.

Estar em boas condições de saúde mental significa lidar de forma saudável com o estresse cotidiano, adaptar-se a mudanças e manter relações harmoniosas.

Portanto, a sua importância está associada ao impacto direto que tem sobre a qualidade de vida, a capacidade de trabalho e o engajamento social. Transtornos mentais como depressão, ansiedade e estresse excessivo afetam milhões de pessoas, prejudicando não apenas o indivíduo, mas também o ambiente ao seu redor.

Esse impacto estende-se, também, ao âmbito econômico, com perda de produtividade e aumento de custos de tratamento.

Neste aspecto, é consenso que a promoção da saúde mental exige a criação de ambientes que favoreçam o diálogo, a empatia e o acesso a cuidados especializados. Políticas públicas voltadas para a saúde mental, assim como ações no ambiente de trabalho e na comunidade, são essenciais à promoção da qualidade de vida.

A saúde mental no trabalho

A saúde mental no trabalho representa um dos aspectos gerenciais de caráter fundamental para garantir o bem-estar dos colaboradores e a produtividade nas empresas.

No ambiente corporativo, condições como estresse, depressão, ansiedade e a síndrome de Burnout são cada vez mais comuns e impactam diretamente o desempenho dos funcionários. De acordo

Como vimos anteriormente, para enfrentar esse cenário o governo brasileiro instituiu o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, que incentiva a adoção de programas focados no bem-estar mental nas empresas.

Entre as práticas recomendadas pela Lei n° 14.831/2024, estão o apoio psicológico, a flexibilização de horários e uma gestão aberta e empática, que valorize a escuta ativa e a comunicação.

Desse modo, criar um ambiente de trabalho saudável e participativo também é crucial. Um local que promove a inclusão e favorece o diálogo diminui os riscos psicossociais e melhora a qualidade de vida dos colaboradores.

Ao fornecer condições adequadas de trabalho e suporte emocional, as empresas não só preservam a saúde mental dos funcionários, mas também aumentam a produtividade, a retenção de talentos e o sucesso organizacional.

Entretanto, para além desta nova lei, vale ressaltar que o Ministério do Trabalho e Emprego também determina, por meio de um conjunto de Normas Regulamentadoras, as condições e parâmetros essenciais de segurança do trabalho e saúde ocupacional.

Norma Regulamentadora N-01

A Norma Regulamentadora N-01 estabelece as disposições gerais, o escopo de aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras (NR) referentes à segurança e saúde no trabalho, bem como as diretrizes e exigências para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas preventivas em Segurança e Saúde no Trabalho.

Atualmente, no Brasil, a Síndrome de Burnout é classificada legalmente, via Decreto n°6.042/2007, como um dos transtornos mentais e de comportamentos relacionados ao trabalho, apresentando CID (Grupo V da CID-10).

Ou seja, as empresas devem prestar atenção à Síndrome de Burnout assim como qualquer outra doença relacionada ao trabalho, desenvolvendo e implementando estratégias de redução de riscos ocupacionais.

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Sinais que podem indicar o adoecimento mental do colaborador

Sinais de adoecimento mental no colaborador incluem mudanças comportamentais e emocionais perceptíveis.

Entre os sinais mais comuns, estão:

  • Queda na produtividade;
  • Aumento de faltas ou atrasos;
  • Irritabilidade;
  • Isolamento;
  • Dificuldade de concentração.

Outros indícios podem ser cansaço excessivo, queixas frequentes de problemas físicos como dores de cabeça ou insônia, além de desmotivação e falta de interesse nas tarefas diárias. Alterações no humor, como tristeza ou ansiedade constantes, também podem aparecer.

Desse modo, identificar de maneira precoce é essencial para que a empresa possa oferecer um suporte adequado, evitando o agravamento das condições de saúde e bem-estar mental do colaborador.

Para isso, os departamentos de RH das empresas podem adotar medidas e posturas específicas que promovam o bem-estar, com prevenção do desenvolvimento de quadros de sofrimento mental.

Como o RH pode promover a saúde mental no ambiente de trabalho?

O RH das empresas desempenha um papel crucial no sucesso organizacional, sendo responsáveis não só pela contratação e administração de pessoal, mas também pelo cultivo de um ambiente de trabalho que valoriza e promove a saúde mental dos colaboradores.

Entender como o RH pode impulsionar a saúde e bem-estar mental no local de trabalho é crucial, de modo que sejam implementadas estratégias para a maior resiliência, produtividade e bem-estar dos colaboradores.

A seguir, comentamos medidas e posturas que o RH pode adotar de modo a promover a saúde e bem-estar mental no ambiente de trabalho. 

1. Programas de apoio ao funcionário

Programas de apoio são fundamentais para a promoção da saúde mental no trabalho, principalmente para pessoas com condições de saúde mental. Esses programas podem incluir iniciativas como apoio psicológico, orientação sobre gestão de estresse e recursos para lidar com dificuldades emocionais.

Eles ajudam os funcionários a se sentirem acolhidos e apoiados no ambiente de trabalho, promovendo sua inclusão e aumentando sua confiança e produtividade. Além disso, ao fornecer esses recursos, as empresas podem contribuir significativamente para a recuperação e o bem-estar mental dos colaboradores. 

2. Flexibilização de horários

A flexibilização de horários é uma medida recomendada pela OMS para melhorar a saúde mental no trabalho. Essa prática pode envolver a adaptação dos horários de trabalho às necessidades individuais, o que contribui para um ambiente de trabalho mais inclusivo e saudável.

Ao permitir horários flexíveis, as empresas reduzem o risco de esgotamento e proporcionam maior controle aos colaboradores sobre sua rotina, o que diminui o estresse e melhora o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de incentivar a produtividade e a retenção de talentos.

3. Gestão aberta, comunicativa e empática

A gestão aberta, comunicativa e empática é um elemento crucial para a promoção da saúde mental no ambiente de trabalho. Treinamentos de gestores em habilidades interpessoais, como comunicação aberta e escuta ativa, são recomendados para identificar e responder de maneira adequada aos sinais de sofrimento emocional dos funcionários.

Desse modo, uma gestão estratégica e empática, que oferece suporte e está atenta às necessidades emocionais da equipe, cria um ambiente mais seguro e produtivo, promovendo o bem-estar geral dos colaboradores.

4. Ambiente laboral saudável e participativo

Um ambiente de trabalho saudável e participativo é essencial para a promoção da saúde mental. Ambientes que fomentam a inclusão e a participação ativa dos colaboradores, além de oferecer condições físicas seguras, tendem a reduzir os riscos psicossociais, como estresse e discriminação.

Esses fatores minimizam tensões e conflitos no trabalho, resultando em maior satisfação, retenção de funcionários e melhor desempenho. O ambiente participativo também facilita a resolução de problemas e fortalece as relações interpessoais, contribuindo para o bem-estar mental.

5. Metas claras e bem definidas

A falta de clareza nas responsabilidades e expectativas no trabalho é um dos riscos à saúde mental. Quando metas são bem definidas, os colaboradores têm uma noção mais clara de suas funções, o que reduz o estresse e a incerteza no trabalho.

A definição de papéis e responsabilidades é essencial para diminuir a sensação de sobrecarga e desmotivação, além de aumentar a confiança e a capacidade dos funcionários de cumprir suas tarefas. Metas claras ajudam a equilibrar as demandas profissionais com o bem-estar.

6. Feedbacks positivos

O fornecimento de feedbacks positivos é uma prática recomendada para melhorar a saúde mental no ambiente de trabalho. Reconhecer os esforços e sucessos dos colaboradores promove maior autoestima, confiança e satisfação no trabalho.

Esse tipo de retorno construtivo ajuda a combater a ansiedade e o estresse causados por pressões excessivas ou insegurança no desempenho, criando uma cultura organizacional mais solidária e motivadora.

Assim, feedbacks positivos contribuem diretamente para o fortalecimento das relações interpessoais e o bem-estar emocional.

7. Oportunidades de crescimento

A falta de oportunidades de crescimento é um fator de risco para a saúde mental no ambiente de trabalho. O desenvolvimento profissional contínuo é fundamental para manter os colaboradores motivados e engajados, evitando a frustração causada pela estagnação.

Oferecer oportunidades de capacitação e crescimento dentro da organização, como promoções e treinamentos, ajuda a promover a confiança, a inclusão e o senso de realização dos funcionários.

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Conclusão

Neste artigo você compreendeu a importância da promoção do bem-estar e prevenção do desenvolvimento de quadros de sofrimento relacionados à saúde mental, tanto para ambiente corporativo quanto para todo o contexto de vivências e sociabilidades de um indivíduo.

Como vimos, a saúde mental é definida pela OMS como um estado de bem-estar mental que permite ao indivíduo lidar com situações desafiadoras, de maneira adequada, contribuindo para a sua comunidade.

Para que este estado ideal de vivência seja alcançado algumas medidas são necessárias. Avaliando o aspecto da administração e gestão pública, medidas de promoção da saúde e bem-estar mental devem integrar as políticas de saúde de uma determinada nação.

Já para o contexto corporativo, os departamentos de RH devem dedicar uma atenção especial, fornecendo recursos e promovendo contextos que evitem o desenvolvimento de doenças ocupacionais e promovam o bem-estar mental dos colaboradores.

Portanto, implementar programas dedicados e promover iniciativas destinadas ao aumento da qualidade de vida e bem-estar no ambiente do trabalho representam estratégias essenciais de combate ao sofrimento mental entre colaboradores.

Por fim, vale sempre lembrar que, caso seja comunicado por algum colaborador ou sejam identificados sintomas relacionados a algum estado de sofrimento mental, é necessário atuar de maneira proativa, visando a preservação da vida e acolhimento necessário.

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