Escolas da rede pública e privada começaram a implementar o Novo Ensino Médio em 2025, promovendo mudanças na grade curricular, nos métodos de ensino e na carga horária dos últimos anos da educação básica brasileira.
A principal novidade é que os estudantes poderão eleger parte das disciplinas que desejam cursar para ter uma formação voltada para suas aspirações pessoais e profissionais, além de receber um preparo maior para o mercado de trabalho.
Ainda que a proposta de reforma do ensino médio tenha sido anunciada em 2017, o projeto precisou passar por vários ajustes até chegar na Política Nacional de Ensino Médio, válida desde o início de 2025.
O processo será gradual e é importante conhecer as novas regras para ajustar o funcionamento da sua instituição. Neste conteúdo, explicamos o que diz a legislação, quais as mudanças e impactos no dia a dia.
Boa leitura!
O que é o Novo Ensino Médio?
O Novo Ensino Médio é uma reformulação da estrutura dos últimos anos da educação básica brasileira, implementada pela Lei 14.945/2024, que entrou em vigor em 2025.
A mudança traz uma ampliação da carga horária total ao longo dos três anos de ensino médio e divide o currículo em duas categorias principais:
- FGB (Formação Geral Básica): composta pelas disciplinas obrigatórias;
- Itinerários Formativos: composta por atividades optativas e cursos técnicos e profissionalizantes, que podem ser escolhidos pelos estudantes.
Vamos explicar detalhadamente o novo currículo ao longo deste conteúdo, mas antes é importante esclarecer que a nova legislação foi apresentada com o objetivo de ajustar alguns pontos do projeto anterior, criado em 2017.
Para isso, vamos entender o que motivou a proposta de reforma anos atrás e, principalmente, a importância das alterações para o Novo Ensino Médio em 2025.
Por que o Novo Ensino Médio foi criado?
O Novo Ensino Médio foi desenvolvido para modernizar e flexibilizar a educação no Brasil, oferecendo aos estudantes mais opções de escolha e preparação para a vida acadêmica e profissional.
Essa discussão surgiu em 2017, com a criação da Lei 13.415/2017, que também trazia mudanças na carga horária e na grade curricular para alunos do ensino médio.
No entanto, a implementação desse modelo mostrou-se desafiadora.
Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), a maioria dos estados ainda não havia implementado as mudanças em 100% da rede até 2022 – ano em que o processo de transição deveria ter sido concluído.
Além disso, o órgão também revelou que 48% das unidades federativas não haviam nem iniciado as mudanças nas turmas de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Isso motivou os ajustes determinados pela nova legislação, que cria a Política Nacional de Ensino Médio com base nas demandas e gargalos observados até então.
Essas alterações, que começam a ser introduzidas em 2025, buscam facilitar a adaptação por parte das escolas.
Além disso, o objetivo é oferecer uma educação mais abrangente, atrativa e adaptável, colocando o estudante como protagonista de sua jornada acadêmica e profissional.
Em outras palavras, a partir dessa nova metodologia, os estudantes conseguem:
- Personalizar seu próprio caminho educacional;
- Se concentrar em áreas que se alinhem com seus objetivos de carreira;
- Desenvolver outras competências e habilidades, como pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração e comunicação.
Como funciona o Novo Ensino Médio?
O Novo Ensino Médio institui três principais mudanças: na estrutura curricular, na carga horária e na possibilidade de o aluno seguir uma formação técnica. Entenda as alterações:
| Aspecto | Antes | Agora |
| Carga horária obrigatória (ensino regular) | 1.800 horas para formação geral básica + 1.200 para itinerários formativos | 2.400 horas para formação geral básica + 600 horas para itinerários formativos |
| Componentes curriculares obrigatórios | Matemática e português em todos os anos | Matemática, português, artes, educação física, inglês, ciências humanas (história, geografia, sociologia, filosofia) e ciências da natureza (física, química, biologia) em todos os anos |
| Itinerários formativos | Cada escola definia a natureza e a oferta dos itinerários | Toda escola deve oferecer, no mínimo, dois itinerários (exceto escolas técnicas) nas áreas de matemática, linguagens, ciências humanas e ciências da natureza. |
| Ensino técnico | 1.800 horas de formação geral básica + 1.200 horas de ensino técnico | 2.100 horas de formação geral básica (300 horas podem ser utilizadas para conteúdos relacionados a formação técnica) + até 1.200 horas para os itinerários formativos técnicos |
Com essas alterações, o currículo passou a ser dividido em duas partes: disciplinas obrigatórias para todos os estudantes e itinerários formativos, que poderão ser escolhidos pelo aluno. O objetivo é estabelecer maior integração e flexibilidade curricular.
Confira, a seguir, mais detalhes sobre o que muda e como vai funcionar o Novo Ensino Médio em 2025.
Itinerários formativos
Os itinerários formativos são as atividades que os alunos escolhem seguir durante a jornada educacional e, assim, se concentram em áreas de conhecimento específicas.
Isso envolve projetos, atividades complementares, oficinas e disciplinas optativas.
Em outras palavras, é a parte flexível do currículo do ensino médio, que funciona como uma formação “customizável” e tem carga horária mínima de 600 horas.
A escolha parcial das disciplinas proporciona maior personalização da experiência dos alunos para atender às necessidades e interesses individuais.
O aluno poderá escolher entre cinco eixos estruturantes e complementares, definidos pelo CNE (Conselho Nacional da Educação). São eles:
- Matemática;
- Linguagens;
- Ciências da natureza;
- Ciências humanas e sociais;
- Formação técnica e profissional.
As escolas devem oferecer pelo menos duas opções dessa lista, exceto escolas de ensino técnico.
Carga horária
Para acomodar a estrutura curricular remodelada, a carga horária do Novo Ensino Médio foi ampliada de 2.400 horas (800 horas anuais) para 3.000 horas (1.000 horas anuais).
Com isso, os alunos terão mais horas de estudo, passando de quatro horas de aula por dia para, em média, cinco horas.
Das 3.000 horas, 2.400 são destinadas à Formação Básica Geral e 600 aos itinerários formativos. No caso dos itinerários técnicos, a divisão é um pouco diferente: 2.100 são voltadas a FGB e 900 a 1.200 horas podem ser utilizadas na formação técnica.
Disciplinas
A formação geral básica é estruturada na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e inclui as seguintes áreas de conhecimento:
- Artes;
- Inglês;
- Português;
- Matemática;
- Educação física;
- Ciências da natureza, que engloba física, química e biologia;
- Ciências humanas e sociais, que engloba geografia, história, sociologia e filosofia.
Elas são obrigatórias e podem ser complementadas pelos itinerários formativos. O objetivo é trabalhar as matérias do Novo Ensino Médio e as atividades optativas de forma integrada.
Matriz curricular
De acordo com a Política Nacional de Ensino Médio, a nova carga horária total dos últimos três anos da educação básica a ser de 3.000 horas, divididas em:
- 2.400 horas destinadas à formação básica geral e obrigatória;
- 600 horas destinadas aos itinerários formativos.
No caso do ensino técnico, a divisão é a seguinte:
- 2.100 horas destinadas à formação básica geral e obrigatória (com 300 horas para conteúdos relacionados à formação técnica);
- 900 a 1.200 horas destinadas aos itinerários formativos técnicos.
Antes, apenas matemática e português eram disciplinas obrigatórias para todos os anos do ensino médio. Ou seja, os alunos podiam ter uma matriz curricular sem disciplinas como artes e geografia em algum momento.
Agora, as 2.400 horas da formação básica geral devem incluir todas as disciplinas obrigatórias listadas no item anterior durante os três anos.
Isso significa que nenhuma disciplina será removida da grade curricular.
Ensino noturno
O novo texto também determina que todo município deve ter, pelo menos, uma escola pública com disponibilidade de ensino médio no período noturno.
A oferta de ensino noturno deve ser estruturada conforme a demanda local.
Ensino de idiomas
O Novo Ensino Médio em 2025 tem o inglês como disciplina obrigatória, presente na grade curricular da Formação Geral Básica.
As escolas também podem oferecer, de maneira opcional, o ensino da língua espanhola.
EAD
Outra mudança importante é em relação ao Ensino a Distância (EAD). Com a nova legislação, as aulas devem ser ministradas presencialmente.
O ensino remoto pode ser oferecido apenas em casos excepcionais, como explica Gregório Grisa, secretário-executivo adjunto do Ministério da Educação.
“O fenômeno da mediação por tecnologia já é utilizado em várias realidades, principalmente na Região Norte do Brasil, como no Amazonas, em função da peculiaridade geográfica. Então, são essas exceções de que se trata o texto”, informa em divulgação do MEC.
Impactos no Enem e em outros vestibulares
A nova estrutura do ensino médio brasileiro só vai ter influência sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) a partir de 2027 – quando os alunos que iniciaram o ensino médio em 2025 devem prestar o exame.
A partir desta data, os itinerários informativos passarão a ser cobrados dos estudantes que prestarem a prova.
Quais as vantagens do Novo Ensino Médio?
O Novo Ensino Médio de 2025 promete trazer uma série de vantagens, tanto para os estudantes quanto para os educadores.
Confira alguns desses benefícios:
- Preparação para o futuro: contribui para um melhor desempenho no ensino superior e no mercado de trabalho;
- Currículo flexível: permite que os estudantes adaptem sua formação de acordo com seus interesses e objetivos profissionais;
- Protagonismo do aluno: incentiva a participação ativa do estudante em sua jornada educacional, com apoio da escola e dos educadores;
- Desenvolvimento de habilidades essenciais: estimula o pensamento crítico, a resolução de problemas e outras competências importantes para o mundo moderno;
- Aprofundamento de conhecimentos: os itinerários formativos possibilitam que o aluno se desenvolva profissional e socialmente em áreas alinhadas ao mundo do trabalho e à sociedade.
- Maior envolvimento dos professores: incentiva os docentes a desenvolverem seus próprios métodos de ensino, promovendo mais criatividade e colaboração nas escolas.
O que muda com o Novo Ensino Médio?
O novo modelo de ensino e aprendizagem impacta todos os envolvidos no processo educacional, não apenas os estudantes. Entenda, a seguir, quais as mudanças geradas:
Para as escolas
As escolas devem ampliar a carga horária letiva e adotar a nova organização curricular. Para isso, as redes de ensino terão apoio técnico do MEC para implementar a reforma do ensino médio.
Isso envolve auxílio com a definição de regras de transição para estudantes que iniciaram o ensino médio em 2024.
Além disso, o MEC disponibilizou cursos de formação para os profissionais da educação com foco nos novos itinerários formativos. Desta forma, os colaboradores estarão preparados para lecionar as disciplinas.
A mudança também gera a oportunidade de fechar parcerias com outras instituições de ensino para ofertar os itinerários formativos, além de contar com o apoio de Institutos Federais, universidades públicas e instituições do setor privado.
Para os professores
Já os professores poderão utilizar a BNCC como guia para os planos de aula. Esse documento determina as disciplinas contempladas no ensino médio e deve ser seguido por todas as instituições de ensino públicas e privadas.
Além disso, com a ampliação da carga horária em todas as escolas, os educadores terão mais tempo e oportunidades para desenvolver os estudantes.
Também surge a possibilidade de aprofundar os conhecimentos dos alunos conforme seus interesses e aspirações e conforme as necessidades pedagógicas diagnosticadas.
Para a educação do país
O novo modelo de educação surge como uma preparação para o século XXI.
No sistema antigo, todos os alunos deveriam aprender exatamente os mesmos conteúdos e cursar as mesmas disciplinas, o que não ocorre em outros países, como nos Estados Unidos.
Acredita-se que esse modelo gera evasão escolar e não prepara os alunos para a vida. Portanto, um dos impactos esperados com a mudança é a diminuição do abandono escolar, já que os alunos passam a ter mais autonomia e flexibilidade no ambiente escolar.
Outro efeito previsto é a maior preparação dos jovens para o futuro profissional e social, pois a grade curricular engloba disciplinas com foco nas habilidades orientadas para a carreira, mercado de trabalho, educação financeira e empreendedorismo.
Cronograma de implementação Novo Ensino Médio
O cronograma nacional de implementação do Novo Ensino Médio de 2025, divulgado pelo Ministério da Educação, determina que as instituições de ensino devem seguir o planejamento abaixo:
- 2025: início da implementação, válida para alunos do primeiro ano do ensino médio;
- 2026: as regras do Novo Ensino Médio passam a valer para alunos do segundo ano do ensino médio;
- 2027: implementação das regras estendidas para os alunos do terceiro ano do ensino médio. O Enem passa a considerar a nova grade curricular.
Desafios para a implementação do novo modelo
Um dos desafios para implementar o Novo Ensino Médio é garantir o treinamento e capacitação dos educadores para que sejam capazes de se adaptar e ministrar as novas aulas, sem sacrificar seus conhecimentos e experiências em suas áreas de estudo.
Outra dificuldade é encontrar recursos suficientes para apoiar o novo currículo, tais como livros didáticos, tecnologia atualizada para as salas de aula e melhora da estrutura acadêmica — ainda mais diante dos cortes de orçamentos destinados à educação.
Além disso, também pode haver resistência à mudança entre administradores, professores e alunos, que podem estar confortáveis com o sistema atual e inseguros sobre os benefícios da introdução de novos padrões e objetivos.
Esses desafios podem ser superados por meio de comunicação clara, uso de tecnologia e foco na criação de metodologias ativas de aprendizagem, com uma experiência bem-sucedida para todos os envolvidos.
Além disso, é imprescindível ter o apoio governamental.
Será necessária dedicação e esforço de todas as partes interessadas para implementar com sucesso as novas mudanças.
As principais críticas ao Novo Ensino Médio
A principal crítica em relação ao Novo Ensino Médio é que o programa não engloba questões sistêmicas importantes do sistema educacional brasileiro.
As duas questões essenciais são o acesso desigual a recursos educacionais e a falta de investimento na educação pública. Isso pode gerar oportunidades desiguais para alunos de escolas públicas e particulares.
Durante a implementação do primeiro projeto de reforma do ensino médio, outras críticas surgiram. Uma delas foi a falta de participação dos educadores e alunos nas decisões sobre o novo sistema.
Isso foi considerado pelo MEC, que desenvolveu uma consulta pública antes de definir as regras apresentadas pela lei vigente.
Com o início da implementação do Novo Ensino Médio em 2025, a preocupação é com o período de transição e a futura adaptação do Enem para a grade curricular reestruturada.
O processo continua em andamento, por isso, vale acompanhar as movimentações das instituições e orientações do governo para observar como isso funcionará na prática.
Sistemas TOTVS para setor Educacional
A TOTVS possui a melhor tecnologia para a educação básica, que otimiza rotinas acadêmicas e administrativas, além de facilitar a implementação de novos processos, como é o caso do Novo Ensino Médio.
Com os sistemas TOTVS para o setor educacional, você consegue realizar a gestão completa da instituição de ensino, desde o acompanhamento da vida acadêmica do aluno até a automatização de etapas importantes, como o processamento de notas fiscais.
Esse tipo de tecnologia de gestão integrada ainda oferece diversos recursos para potencializar a gestão educacional, como:
- Gestão de permanência para acompanhar os estudantes e reduzir a evasão;
- Acesso a facilidades pedagógicas para professores e alunos, como planos de aula e avaliação de desempenho acadêmico;
- Organização da acadêmica e da secretária por meio de quadro de horários e professores, controle de documentos, atendimento ao aluno etc.;
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Conclusão
O Novo Ensino Médio é uma reforma do sistema educacional brasileiro em discussão desde 2017. Desde então, passou por ajustes e teve uma nova lei sancionada em 2024 e começou a ser implementada nas instituições de ensino em 2025.
O principal objetivo da reforma é melhorar a qualidade da educação no país. Para isso, houve mudanças na grade curricular, na carga horária e nas metodologias de ensino e aprendizagem.
De acordo com o cronograma do MEC, todas as escolas do Brasil, públicas e privadas, adotarão o novo formato de maneira gradual.
A previsão é de que as instituições já estejam trabalhando com o novo modelo de ensino até 2026 – iniciando pelo primeiro ano do ensino médio.
O prazo é apertado. Por isso, a tecnologia desempenha um papel importante para a simplificação de processos, melhora da integração e comunicação entre os envolvidos no processo educacional e automatização de tarefas.
Além de contar com sistemas eficientes, como as soluções da TOTVS para o setor educacional, é importante ampliar o conhecimento e ficar atento às movimentações da área.
Neste sentido, vale a pena conferir o nosso conteúdo sobre as principais tendências do setor educacional.
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