Escolas da rede pública e privada começaram a implementar, ainda em 2022, o Novo Ensino Médio, que prevê mudanças na grade curricular, nos métodos de ensino e na carga horária dos últimos anos da educação básica brasileira.
A principal novidade é que os estudantes poderão eleger parte das disciplinas que desejam cursar para ter uma formação voltada para suas aspirações pessoais e profissionais, além de receber um preparo maior para o mercado de trabalho.
Ainda que a reformulação tenha sido anunciada em 2017, trata-se de uma grande mudança e que é ainda muito recente, o que gera dúvidas em alunos, professores e gestores de instituições de ensino.
E não só isso. No início de abril de 2023, o governo editou uma portaria que suspende por 60 dias a implementação do cronograma da reforma. O motivo é possibilitar um diálogo mais aprofundado sobre o tema.
Há, inclusive, o Projeto de Lei 2601/23, que propõe a revogação do programa e o fim dos itinerários formativos.
Afinal, o que é o Novo Ensino Médio? Qual o cronograma de implementação? Quais as mudanças previstas e como se adaptar à nova realidade? Continue a leitura para aprender tudo sobre o tema!
O que é o Novo Ensino Médio?
O Novo Ensino Médio é uma mudança no método de ensino e aprendizagem que possibilita que os estudantes completem seus estudos com uma formação técnica e profissionalizante.
Neste novo modelo, os alunos podem escolher disciplinas específicas que desejam cursar para ter uma formação alinhada à profissão em que pretendem seguir carreira.
Ao finalizar a última etapa da educação básica, os alunos recebem o certificado de conclusão do ensino médio regular junto com o diploma técnico ou profissionalizante da área escolhida.
Para que seja possível, o novo currículo é organizado por áreas de conhecimento e não mais por disciplinas (Matemática, Física, Biologia, Língua Portuguesa etc).
Essa estrutura curricular é composta por quatro áreas de conhecimento mais uma formação profissionalizante. Aprofundaremos mais sobre esse tópico no decorrer do artigo.
Por que o Novo Ensino Médio foi criado?
O Novo Ensino Médio foi desenvolvido para modernizar e flexibilizar a educação no Brasil, oferecendo aos estudantes mais opções de escolha e preparação para a vida acadêmica e profissional.
De acordo com o Ministério da Educação, “a mudança tem como objetivos garantir a oferta de educação de qualidade à todos os jovens brasileiros e de aproximar as escolas à realidade dos estudantes de hoje, considerando as novas demandas e complexidades do mundo do trabalho e da vida em sociedade”.
Em outras palavras, a partir dessa nova metodologia, os estudantes conseguem:
- personalizar seu próprio caminho educacional;
- se concentrar em áreas que se alinhem com seus objetivos de carreira;
- desenvolver outras competências e habilidades, como pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração e comunicação.
A mudança foi recebida com resistência por parte de alguns especialistas, que argumentam que a oferta de itinerários formativos como a lei preconiza só é efetiva em escolas com certo nível socioeconômico.
Por outro lado, há estudiosos que veem a mudança como um passo necessário para criar uma força de trabalho mais instruída e qualificada e, assim, melhorar a economia do Brasil em longo prazo.
Quem vai participar do Novo Ensino Médio?
O novo modelo de aprendizagem será implementado em todas as séries do ensino médio (1º, 2º e 3º ano), em escolas públicas e particulares de todo o país.
De acordo com o cronograma divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), publicado no Diário da União, a implementação será gradual e de forma progressiva.
Já em 2022, a mudança nos referenciais curriculares passou a valer para os alunos do primeiro ano do ensino médio. No ano seguinte, será aplicada ao segundo ano e, em 2024, ao terceiro ano.
No entanto, é preciso ter atenção à suspensão publicada pelo Governo Federal em abril de 2023. A nova portaria suspende por 60 dias todos os prazos da Portaria 521 no MEC, incluindo o prazo de atualização do ENEM quanto às mudanças de avaliação com base no novo modelo.
Como funciona o Novo Ensino Médio?
A reforma do ensino médio, aprovada pela Lei nº 13.415/2017, institui três principais mudanças: na estrutura curricular, na carga horária e na possibilidade de o aluno seguir uma formação técnica.
Com essas alterações, o currículo passou a ser dividido em duas partes: disciplinas obrigatórias para todos os estudantes e itinerários formativos, que poderão ser escolhidos pelo aluno. O objetivo é estabelecer maior integração e flexibilidade curricular.
Confira, a seguir, o que muda e como irá funcionar o Novo Ensino Médio!
Itinerários formativos
Os itinerários formativos são as linhas de estudo que os alunos escolhem seguir durante a jornada educacional e, assim, se concentram em áreas de conhecimento específicas.
Em outras palavras, é a parte flexível do currículo do ensino médio, que funciona como um formação “customizável” e é responsável por 40% da grade curricular.
A escolha parcial das disciplinas proporciona maior personalização da experiência dos alunos para atender às necessidades e interesses individuais de cada um.
O aluno poderá escolher entre quatro eixos estruturantes e complementares. São eles:
- Empreendedorismo: desenvolver conhecimentos para criar novas oportunidades de negócio e permitir a adaptação a diferentes cenários;
- Processos Criativos: aprender a utilizar conhecimentos e habilidades de forma criativa para propor, inovar e inventar;
- Investigação Científica: aprimorar a capacidade dos estudantes de investigar a realidade aplicando o conhecimento sistematizado;
- Mediação e Intervenção Sociocultural: entender a importância da justiça social e igual para atuar como agentes de mudança na construção de uma sociedade mais justa, democrática, inclusiva e sustentável.
Carga horária
Para acomodar a nova estrutura curricular, a carga horária foi ampliada de 2.400 horas (800 horas anuais) para 3.000 horas (1.000 horas anuais).
Com isso, os alunos terão mais horas de estudo, passando de quatro horas de aula por dia para, em média, cinco horas.
Disciplinas
A formação geral básica deixou de ser dividida por disciplinas e agora é estruturada em quatro áreas de conhecimento:
- Matemática e suas Tecnologias: Matemática;
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Biologia, Química e Física;
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: História, Geografia, Sociologia e Filosofia;
- Linguagens e suas Tecnologias: Língua Portuguesa, Inglês, Artes e Educação Física.
Essa formação é análoga à estrutura do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e também é utilizada em outros vestibulares.
Matriz curricular
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (BNCC), que determinou os conteúdos a serem lecionados nos últimos três anos da educação básica, a nova carga horária total do ensino médio passa a ser de 3.000 horas, divididas em:
- 60% do total das horas letivas (1.800 horas) destinadas às áreas de conhecimento, isto é, à formação básica geral e obrigatória;
- 40% do total das horas letivas (1.200 horas) destinadas aos itinerários formativos, com a possibilidade de percorrer uma ou mais trilhas de aprendizagem relacionadas às áreas de conhecimento ou à formação técnico-profissional.
Obrigatoriamente, os alunos estudarão todas as áreas de conhecimento ao longo do ensino médio. Nenhuma disciplina será removida da grade curricular, embora elas possam ser trabalhadas de forma integrada.
Ainda assim, em alguns anos, os estudantes podem não estudar todas as áreas de conhecimento. Apenas Matemática e Língua Portuguesa são obrigatórias durante os três anos do ensino médio.
Além disso, a lei não determina quantas horas poderão ser presenciais ou remotas. Entretanto, 30% das horas letivas no período noturno e 20% no período diurno podem ser cursadas a distância.
Projeto de Vida
Outra novidade que passa a integrar o Novo Ensino Médio é o “Projeto de Vida”. Este programa leva os estudantes a refletirem sobre seu futuro pessoal e profissional com o intuito de ensiná-los a realizarem escolhas responsáveis e coerentes com seus objetivos.
O projeto não tem carga mínima obrigatória, e caberá às instituições de ensino determinarem se implementarão a disciplina apenas no primeiro ano do ensino médio ou durante os três anos.
Quais as vantagens do Novo Ensino Médio?
A reforma do ensino médio promete trazer uma série de vantagens, tanto para os estudantes quanto para os educadores.
Para os estudantes, o currículo flexível gera a oportunidade de adaptar sua educação aos seus próprios interesses e objetivos de carreira, ao mesmo tempo em que desenvolve habilidades importantes, como o pensamento crítico e a resolução de problemas.
Essa nova abordagem prepara os jovens para os desafios do mundo moderno, além de equipá-los com as ferramentas necessárias para terem um melhor desempenho no ensino superior e nas carreiras futuras.
Também coloca o estudante como protagonista da sua trajetória educacional e profissional. Desta forma, o aluno participa ativamente do seu processo de aprendizagem para alcançar seus objetivos com apoio da escola e dos educadores.
Além disso, a partir do aumento da carga horária e da criação dos itinerários formativos, o estudante pode se desenvolver profissionalmente e socialmente, enquanto aprofunda os seus conhecimentos em temas relacionados ao mundo do trabalho e à sociedade.
A nova grade curricular também prioriza o envolvimento dos professores no desenvolvimento de seus próprios métodos de ensino, com intuito de incentivar a criatividade e a colaboração dentro das escolas.
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Quais são as principais mudanças geradas por esse modelo de aprendizagem?
O novo modelo de ensino e aprendizagem impacta todos os envolvidos no processo educacional, não apenas os estudantes. Entenda, a seguir, quais as mudanças geradas:
Para as escolas
As escolas devem ampliar a carga horária letiva e adotar a nova organização curricular. Para isso, terão apoio técnico e financeiro do MEC para implementar a reforma do ensino médio.
Além disso, o MEC disponibilizou cursos de formação para os profissionais da educação com foco nos novos itinerários formativos. Desta forma, os colaboradores estarão preparados para lecionar as disciplinas.
A mudança também gera a oportunidade de fechar parcerias com outras instituições de ensino para ofertar os itinerários formativos, além de contar com o apoio de Institutos Federais, universidades públicas e instituições do setor privado.
Para os professores
Já os professores poderão utilizar a BNCC como guia para os planos de aula. Esse documento determina as disciplinas contempladas no ensino médio e deve ser seguido por todas instituições de ensino públicas e privadas.
Além disso, com a ampliação da carga horária em todas as escolas, os educadores terão mais tempo e oportunidades para desenvolver os estudantes.
Também surge a possibilidade de aprofundar os conhecimentos dos alunos conforme seus interesses e aspirações e de acordo com as necessidades pedagógicas diagnosticadas.
Para a educação do país
O novo modelo de educação surge como uma preparação para o século 21.
No sistema antigo, todos os alunos deveriam aprender exatamente os mesmos conteúdos e cursar as mesmas disciplinas, o que não ocorre em outros países, como nos Estados Unidos.
Acredita-se que esse modelo gera evasão escolar e não prepara os alunos para a vida real. Portanto, um dos impactos esperados com a mudança é a diminuição do abandono escolar, já que os alunos passam a ter mais autonomia e flexibilidade no ambiente escolar.
Outro efeito previsto é a maior preparação dos jovens para o futuro profissional e social, pois a grade curricular engloba disciplinas com foco nas habilidades orientadas para a carreira, mercado de trabalho, educação financeira e empreendedorismo.
No entanto, alguns argumentam que as mudanças vieram em detrimento de assuntos importantes, como história e literatura, o que pode ser um risco ao patrimônio cultural e histórico do Brasil.
Impactos da mudança no Enem e em outros vestibulares
Em março de 2022, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou as recomendações para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para que ele siga as mudanças implementadas pelo novo programa.
A partir de 2024, o Enem vai ser dividido em duas etapas:
- Primeira etapa: será única e obrigatória para todos os estudantes. As questões interdisciplinares avaliarão a capacidade de raciocínio e argumentação, além da redação.
- Segunda etapa: focada na área de conhecimento escolhida pelo estudante, entre as quatro opções dos itinerários formativos. Essa etapa também terá questões discursivas, além das de múltipla escolha.
Com o currículo escolar mais flexível e diversificado, é provável que existam mudanças também nos vestibulares
Vale pontuar, novamente, que portaria aprovada em abril de 2023 suspendeu, inclusive, o prazo de adequação do Enem quanto à reforma.
Como será o cronograma de implementação do Novo Ensino Médio?
O cronograma nacional de implementação do Novo Ensino Médio, divulgado pelo Ministério da Educação, determina que as instituições de ensino devem seguir o planejamento abaixo:
- 2020: criação dos referenciais curriculares contemplando a BNCC e os itinerários formativos;
- 2021: aprovação e homologação dos referenciais curriculares pelos Conselhos de Educação;
- 2022: implementação da mudança no primeiro ano do ensino médio;
- 2023: implementação no primeiro e segundo ano do ensino médio;
- 2024: implementação em todos os anos do ensino médio;
- 2022 a 2024: monitoramento.
Ou seja, as escolas de todo país já devem ter criado e aprovado os referenciais curriculares e começado a implementação do novo modelo no primeiro ano do ensino médio.
Com a suspensão do cronograma anunciada pelo governo, é preciso ficar atento aos possíveis desdobramentos. A consulta pública aberta para avaliar o programa pode, inclusive, reestruturar a política nacional.
Mesmo assim, na prática, a suspensão não mudou a rotina nas escolas, que continuarão seguindo o novo programa.
Quais são os desafios para que o modelo seja implementado?
Um dos desafios para implementar o Novo Ensino Médio é garantir o treinamento e capacitação dos educadores para que sejam capazes de se adaptar e ministrar as novas aulas, sem sacrificar seus conhecimentos e experiências em suas áreas de estudo.
Outra dificuldade é encontrar recursos suficientes para apoiar o novo currículo, tais como livros didáticos, tecnologia atualizada para as salas de aula e melhora da estrutura acadêmica — ainda mais diante dos cortes de orçamentos destinados à educação.
Além disso, também pode haver resistência à mudança entre administradores, professores e alunos, que podem estar confortáveis com o sistema atual e inseguros sobre os benefícios da introdução de novos padrões e objetivos.
Esses desafios podem ser superados por meio de comunicação clara, uso de tecnologia e foco na criação de uma experiência de aprendizagem bem-sucedida para todos os envolvidos, além de ser imprescindível ter o apoio governamental.
Será necessário dedicação e esforço de todas as partes interessadas para implementar com sucesso as novas mudanças.
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As principais críticas ao Novo Ensino Médio
A principal crítica em relação ao Novo Ensino Médio é que o programa não engloba questões sistêmicas importantes do sistema educacional brasileiro.
As duas questões essenciais são o acesso desigual a recursos educacionais e a falta de investimento na educação pública. Isso pode gerar oportunidades desiguais para alunos de escolas públicas e particulares.
Além disso, também há críticas sobre a falta de participação dos educadores e dos alunos nos processos que antecederam a implantação. Ou seja, não houve espaço para ouvir a opinião de quem seria afetado pela mudança.
Quanto a isso, a suspensão do cronograma propõe ampliar a discussão e envolver alunos, professores, estados e municípios.
Também há apontamentos sobre a falta de transparência no processo de implementação, com diretrizes pouco claras e comunicação inconsistente entre os governos federal e estadual.
A tecnologia como aliada no processo educacional
A tecnologia é uma grande aliada na implementação do novo currículo do ensino médio, já que é capaz de agilizar processos e tornar o atendimento às demandas mais simples e eficiente, além de fornecer um espaço seguro para centralizar documentos importantes.
Por meio de um sistema de gestão escolar, por exemplo, os professores podem acessar facilmente os planos de aula e materiais.
Já os coordenadores e gestores podem acompanhar o progresso dos alunos e desempenho dos professores, bem como se certificar de que cada classe cumpra com os padrões de referência determinados pela BNCC.
Por meio da tecnologia, também é possível aproximar todos os envolvidos no processo estudantil. Diante de uma grande mudança, como é o caso da implementação do Novo Ensino Médio, a comunicação e a integração se torna ainda mais necessária para que todos fiquem na mesma página.
Outro benefício é a automatização de dados oficiais. Consultar as informações do governo de forma manual pode levar muito tempo. No entanto, um sistema de gestão escolar simplifica essa tarefa, o que facilita o cumprimento da legislação do setor.
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Tecnologias TOTVS para instituições de ensino
A TOTVS possui a melhor tecnologia para a educação básica, que otimiza rotinas acadêmicas e administrativas, além de facilitar a implementação de novos processos, como é o caso do Novo Ensino Médio.
Com os sistemas e aplicações TOTVS Educacional, você consegue realizar a gestão completa da instituição de ensino, desde o acompanhamento da vida acadêmica do aluno até a automatização de etapas importantes, como o processamento de notas fiscais.
Esse tipo de tecnologia de gestão integrada ainda oferece diversos recursos para potencializar a gestão educacional, como:
- Gestão de permanência para acompanhar os estudantes e reduzir a evasão;
- Acesso a facilidades pedagógicas para professores e alunos, como planos de aula e avaliação de desempenho acadêmico;
- Organização da acadêmica e da secretária por meio de quadro de horários e professores, controle de documentos, atendimento ao aluno etc.;
- E muito mais!
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Conclusão
O Novo Ensino Médio é uma reforma do sistema educacional brasileiro que foi sancionada em 2017 e começou a ser implementada nas instituições de ensino em 2022.
O principal objetivo da reforma é melhorar a qualidade da educação no país. Para isso, houve mudanças na grade curricular, na carga horária e nas metodologias de ensino e aprendizagem.
De acordo com o cronograma do MEC, todas as escolas do Brasil, públicas e privadas, adotarão o novo formato até 2024.
O prazo é apertado. Por isso, a tecnologia desempenha um papel importante para a simplificação de processos, melhora da integração e comunicação entre os envolvidos no processo educacional e automatização de tarefas.
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