Com o advento da internet e sua transformação digital, o conhecimento se tornou algo muito mais acessível, mas como ficam os direitos autorais nesse contexto? É aqui que entra o conceito de REA.
A sigla faz referência aos Recursos Educacionais Abertos, ou seja, conteúdos abertos para o uso de forma gratuita e em conformidade com a legislação que garante os direitos autorais.
Esse tipo de material tornou-se muito importante no contexto educacional e, por isso, entender como é possível utilizar esses recursos abertos é um diferencial para quem atua na sala de aula.
Neste conteúdo, vamos explicar o conceito e mostrar como você pode acessar esses materiais e utilizá-los no dia a dia. Boa leitura!
O que é REA?
REA é abreviação de Recursos Educacionais Abertos, um termo criado pela Unesco no início dos anos 2000, que se refere aos conteúdos educacionais com acesso livre e gratuito disponíveis na internet.
Uma vez que o download e compartilhamento de materiais educacionais atende à lei 9610/1998, conhecida como lei de direitos autorais, essa prática é restrita e até mesmo ilegal em alguns casos.
Pensando nisso, uma ONG dos Estados Unidos, chamada Creative Commons, criou um portal com licenças de materiais educativos liberadas por seus autores. Assim surgiram os recursos abertos.
O conceito engloba todos os recursos de ensino e pesquisa que integram o domínio público, sendo possível utilizá-los na sala de aula e, inclusive, alterá-los ou compartilhá-los.
Esse formato de educação aberta comporta planos de aula, e-books, jogos, gráficos, podcasts, videoaulas, críticas e qualquer material que tenha como finalidade o aprendizado dos alunos.
Princípios do REA
Os Recursos Educacionais Abertos foram criados com um objetivo principal: ampliar a acessibilidade a materiais didáticos para democratizar a educação.
A ideia é elevar o nível de qualidade do ensino a partir disso, bem como incentivar uma estratégia pedagógica alinhada a diretrizes atuais, como o uso de recursos tecnológicos na educação.
Para que isso seja possível, os conteúdos que se encaixam neste conceito devem seguir alguns princípios básicos, que permitam o acesso, uso, compartilhamento e alteração por qualquer pessoa.
Em geral, os três princípios são:
- acesso livre: o material deve ser disponibilizado de forma gratuita com licença livre para utilização, modificação e redisposição, com um layout que permita essas alterações de maneira simples;
- conteúdos gratuitos: escolas e faculdades que oferecem o acesso aos conteúdos abertos não podem cobrar pela atividade, e isso se aplica também aos próprios alunos e professores;
- tecnologia aberta: os sistemas e tecnologias aplicadas no material devem contar com seu código-fonte aberto, bem como suas APIs (Application Programming Interfaces), juntamente com autorizações de reuso dos recursos web.
Um panorama sobre o REA no Brasil
Por mais que já estejam presentes no Brasil há mais ou menos 10 anos, programas de REA ainda não contam com recursos governamentais, assim como em seu país de origem, e demandam pouca atenção do poder público.
Além disso, muitos docentes ainda desconhecem ou não fazem uso dessa opção de recursos didáticos em sua estratégia de ensino.
Em pesquisa publicada pela Revista Tecnia, do IFMG (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais), 40% dos professores responderam não conhecer o termo REA, enquanto 48% afirmaram não utilizar os recursos na prática.
Certas instituições privadas, no entanto, contam com portais de criação própria, onde os conteúdos aos quais têm acesso e os novos materiais produzidos ganham espaço e constroem um acervo para utilização de professores e alunos.
Entre os exemplos de recursos educacionais abertos, também é possível citar o Livro Didático Público, criado pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná.
O material reuniu conteúdos elaborados por professores locais sobre diversos temas, cada um em sua área de atuação, e tem seu uso liberado na web.
Benefícios trazidos pelo REA
A iniciativa do REA é de extrema relevância para o ensino, já que traz consigo o espírito de colaboração e reinterpretação de materiais didáticos, auxiliando, inclusive, no controle da evasão escolar. Algumas das vantagens mais expressivas observadas nesse contexto são:
- acesso e uso de conteúdos em conformidade com a legislação brasileira;
- maior sustentabilidade, devido à diminuição do uso de papel, apostilas e livros físicos;
- incentivo ao uso de tecnologias no contexto educacional de maneira didática e produtiva;
- nível de progressão do conteúdo seguindo a adaptação e assimilação por parte dos alunos;
- adequação do conteúdo de acordo com a localização e realidade dos alunos e professores;
- possibilidade de acesso por pessoas já formadas, que desejam ampliar seu campo de interesse;
- redução de custos com materiais, tanto para instituições públicas quanto para alunos de escolas privadas;
- colaboração entre instituições e corpo docente, com materiais compartilhados de maneira simplificada;
- democratização ao acesso a conteúdos de qualidade, independente do lugar ou recursos financeiros obtidos pela instituição;
- aumento do engajamento dos alunos, que podem contar com uma perspectiva de ensino 360º, de maneira inclusiva e interativa.
Exemplos de Recursos Educacionais Abertos
Dentro do conceito de Recurso Educacional Aberto, é possível encontrar diferentes tipos de materiais didáticos, que unem o conhecimento ao ambiente digital em prol da acessibilidade.
Confira alguns dos principais exemplos de REA a seguir.
Bibliotecas digitais
As bibliotecas digitais reservam um acervo variado de arquivos, que vão desde documentos históricos até artigos sobre assuntos e descobertas mais recentes.
Nelas, estudantes e docentes podem encontrar conteúdos para utilizar como base em pesquisas, aulas ou para ampliar o conhecimento sobre determinada temática.
Um grande exemplo é a Biblioteca Digital Mundial, da Unesco. O site reúne um acervo com livros raros, filmes, fotos e cartas de diversos países ao redor do mundo.
Palestras
Outros materiais relevantes encontrados entre os recursos abertos incluem um amplo leque de palestras dos mais variados temas.
Sejam gravações de eventos presenciais ou palestras realizadas já no ambiente virtual, elas normalmente são disponibilizadas pelas instituições organizadoras e podem trazer insights muito relevantes aos estudantes e docentes.
Videoaulas
As videoaulas foram uma grande transformação no ambiente de ensino e permitem que os alunos tenham acesso a conteúdos audiovisuais de qualquer lugar. É como levar a sala de aula para dentro de casa – ou do celular.
Durante a pandemia, essa modalidade de ensino a distância (EAD) tornou-se ainda mais popular como forma de adaptação ao cenário de isolamento social.
No entanto, a praticidade e a dinâmica do método mantêm esse recurso como uma das principais fontes de conhecimento atuais.
Ao acessar o YouTube, por exemplo, o aluno consegue encontrar videoaulas completas de diferentes disciplinas e com abordagens variadas para complementar o conhecimento.
Pesquisas
Pesquisas acadêmicas e científicas também estão entre os materiais de recursos abertos, sendo uma ótima oportunidade de promover a acessibilidade de conteúdos embasados em fatos e evidências.
Hoje, grande parte das universidades disponibiliza repositórios com artigos e pesquisas digitalizados para acesso do público.
Bancos de imagens
Bancos de imagens gratuitos, como o Pexels, Unsplash e o Freepik contam com uma variedade de fotos, vídeos e outros recursos visuais de acesso aberto.
Além da possibilidade de explorar esses recursos em projetos e trabalhos educacionais, também é possível utilizar plataformas como essas no campo profissional, para publicação de artigos ou posts em redes sociais, por exemplo.
Planos de aula abertos
Sim, o REA também conta com planos de aula com acesso aberto em seu repertório. Para docentes, esse planejamento é fundamental para estruturar as aulas e oferecer um ensino de qualidade atrativo aos alunos.
A Unesco, por exemplo, disponibiliza esse tipo de material em sua plataforma, trazendo diretrizes educacionais, dicas de boas práticas e orientações padronizadas.
Atividades interativas
As atividades interativas ajudam a colocar a teoria em prática de forma dinâmica e muito mais atrativa para os alunos.
Para simplificar a rotina, professores podem encontrar esse tipo de material entre os Recursos Educacionais Abertos.
É possível encontrar, por exemplo:
- histórias;
- questionários;
- jogos didáticos;
- atividades lúdicas.
Além de conteúdos que podem ser impressos, é possível encontrar atividades digitais – uma oportunidade para promover a gamificação na educação de maneira produtiva.
Como utilizar os REA em sala de aula?
Os REA são uma oportunidade de trabalhar conteúdos de maneira interdisciplinar na sala de aula, com um leque de possibilidades a serem exploradas.
Existem algumas plataformas que armazenam os recursos abertos e auxiliam na rotina de conhecimento, tanto para professores como para alunos.
Listamos algumas para compartilhar com você, são elas:
- Google Scholar;
- Educare, da Fundação Oswaldo Cruz;
- Plataforma MEC RED (Recursos Educacionais Digitais);
- Apps UNIVESP (Universidade Virtual do Estado de São Paulo).
O uso desses materiais pode ser ressignificado a partir da percepção de um grupo de estudantes e seus professores, criando novas interpretações, linguagens e novos pontos de vista.
Tudo isso pode se encaixar em uma metodologia ativa de aprendizagem, bem como em uma estrutura de educação inclusiva.
No entanto, é necessário selecionar conteúdos e referências de qualidade para compartilhar com os alunos.
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Conclusão
Ao entender os princípios dos REA e explorar os materiais disponíveis nesse contexto, professores podem enriquecer a experiência educacional dos alunos e aprimorar a qualidade de ensino.
Esse tipo de conteúdo representa uma abordagem inclusiva e econômica de educação, com oportunidades para inovar com diferentes materiais de apoio em diversas áreas de conhecimento.
São também um caminho para um ensino mais democrático.
Apesar de valiosos, os recursos abertos de ensino ainda não são amplamente divulgados e utilizados, seja por professores, alunos ou público em geral.
O potencial é enorme e, agora que você já sabe como acessar, é hora de começar a explorar!
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